O mercado imobiliário português registou, no primeiro trimestre de 2025, um aumento histórico nos preços das casas, com uma subida homóloga de 18,7%, a maior desde que o Instituto Nacional de Estatística (INE) começou a medir estes dados em 2019. Este crescimento representa um novo recorde e reflete uma tendência ascendente que tem vindo a preocupar especialistas e famílias portuguesas.
A Grande Lisboa continua a liderar os preços mais elevados, com um valor mediano de 3.183 euros por metro quadrado (€/m²), seguida pelo Algarve, Região Autónoma da Madeira, Península de Setúbal e Área Metropolitana do Porto.
Estes valores contrastam fortemente com regiões como Beiras e Serra da Estrela, onde o preço mediano é de apenas 698 €/m², evidenciando o fosso entre o litoral e o interior do país.
O aumento dos preços não se limitou às grandes áreas metropolitanas. Estendeu-se a todo o território nacional, com 16 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes a registarem acelerações nos preços. Santa Maria da Feira liderou este crescimento com uma subida impressionante de 27,0%, seguida pela Maia (22,7%), Guimarães (22,7%) e Vila Nova de Famalicão (22,6%). Oeiras, com 21,4%, completa o grupo dos municípios com as maiores acelerações.
O impacto dos compradores estrangeiros no mercado imobiliário português é outro fator crucial.
Segundo o INE, o valor mediano das transações envolvendo compradores com domicílio fiscal no estrangeiro foi de 2.573 €/m², um aumento de 14,5% em relação ao trimestre homólogo.
Nas sub-regiões da Grande Lisboa e Área Metropolitana do Porto, os preços medianos das transações efetuadas por estrangeiros superaram em 52,5% e 32,3%, respetivamente, os preços das transações por compradores nacionais.
Apesar do aumento dos preços, o número de transações de alojamentos familiares em Portugal aumentou 24,9% em relação ao mesmo trimestre do ano passado, totalizando 40.163 transações.
Este crescimento no volume de transações sugere que, apesar dos preços elevados, o mercado mantém liquidez, refletindo tanto a procura por habitação própria quanto o investimento imobiliário.
Este cenário coloca questões importantes sobre a sustentabilidade deste ritmo de crescimento. O acesso à habitação está a tornar-se cada vez mais difícil para as famílias portuguesas, especialmente para os mais jovens e para aqueles que vivem em áreas urbanas.
A pressão nos preços, impulsionada pela procura robusta tanto nacional quanto estrangeira, pode levar a um agravamento das desigualdades sociais e territoriais.
Perante este cenário, a Comissão Europeia anunciou planos para apresentar, na primavera de 2026, um plano para a habitação acessível, com o objetivo de ajudar as cidades com maior pressão imobiliária a debelarem o problema.
Esta iniciativa visa promover políticas de habitação mais inclusivas e sustentáveis, garantindo que todos os cidadãos tenham acesso a habitação digna e acessível.
Em Portugal, o Governo tem vindo a implementar medidas para atrair promotores a investir em casas acessíveis. Estas medidas incluem incentivos fiscais e simplificação de processos burocráticos, com o objetivo de aumentar a oferta de habitação a preços mais acessíveis.
Têm sido feitos esforços para promover a reabilitação urbana e a construção de novas habitações em áreas com maior pressão imobiliária.
É essencial que as políticas públicas continuem a evoluir para responder às necessidades dos cidadãos, promovendo a igualdade de oportunidades e garantindo que todos tenham acesso a habitação digna.
A colaboração entre o setor público e privado, bem como a participação ativa da sociedade civil, será crucial para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o mercado imobiliário português apresenta.
Acredito que, com determinação e colaboração, podemos construir um futuro onde todos tenham acesso a habitação digna e acessível. Juntos, podemos criar comunidades mais fortes e inclusivas, onde cada família tenha um lar para chamar de seu.