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Metabolismo Urbano – As Cidades Também Comem

Estamos habituados a pensar numa cidade como uma unidade de urbanismo. Uma unidade física que nos abriga e acolhe no dia-a-dia corriqueiro das nossas vidas. Todavia, em 1965, Abel Wolman olhou a cidade de uma forma diferente.

No seu trabalho designado “O metabolismo das cidades” desenvolveu o conceito de metabolismo urbano que viria a mudar toda uma forma de pensar sobre elas.

O metabolismo urbano é definido como a quantificação das necessidades de materiais e bens necessárias ao suporte das tarefas humanas nas cidades, incluindo a remoção e deposição dos resíduos.

De uma forma mais simples, Wolman olhou para a cidade de uma perspetiva orgânica e biológica e viu que, à semelhança de todos os organismos vivos, também a cidade precisava de uma fonte de energia e de alimento para que pudesse crescer e desenvolver-se da forma como a conhecemos.

Depois da primeira definição de Wolman, mais de quarentena anos depois, Kennedy e os seus colegas aprimoraram o conceito, definindo-o como a soma total dos processos técnicos e socioeconómicos que ocorrem nas cidades, e que resultam no seu crescimento, produção de energia, e eliminação de desperdícios sob a forma de resíduos.

Desta forma, o conceito de Metabolismo Urbano é baseado na metáfora ecossistémica onde as cidades são consideradas sistemas complexos, que para crescerem necessitam de consumir matérias-primas, água e ar (que são extraídos do ambiente e que são posteriormente transformadas parcialmente em produtos). Dado que os processos de transformação das matérias-primas têm grandes ineficiências deles resultam resíduos e emissões que são devolvidos à natureza, fechando-se assim o ciclo de materiais.

Os problemas ambientais surgem não só na fase de deposição dos desperdícios mas também durante todo o processo de crescimento da cidade.

Para que se possa compreender quais as ações a desenvolver, com o intuito de minimizar as consequências ambientais nefastas resultantes do metabolismo das cidades, é necessário proceder à contabilização e monitorização dos fluxos de materiais bem como das quantidades envolvidas, para que se possa mais facilmente ter uma ideia dos possíveis impactes.

De acordo com a primeira lei da termodinâmica (a lei da conservação da massa), tudo o que entra num sistema é igual ao que sai mais o que nele fica acumulado. Este princípio básico referente ao balanço da matéria é verdadeiro em qualquer sistema, pelo que também é válido para as cidades.

A metodologia prática que permite uma análise do metabolismo urbano de uma cidade é designada por Análise de Fluxo de Materiais (AFM).

A AFM permite contabilizar os materiais que fluem dentro do sistema (cidade), os seus stocks e fluxos que a atravessam, e ainda contabilizar o resultado dos seus outputs que são descarregados no ambiente sob a forma de poluição, resíduos ou exportações.

A AFM usa como ferramenta a técnica de contabilização de fluxos de materiais (CFM) que consiste num modelo simplificado das inter-relações da economia da cidade com o ambiente, no qual a economia da cidade funciona como um subsistema do ambiente dependente de um constante fluxo de materiais e energia.

Para a elaboração de uma contabilização de fluxos materiais é necessário definir o sistema que vai ser analisado (normalmente uma cidade ou área metropolitana), bem como o horizonte temporal durante o qual este vai estar a ser analisado (p. ex. um ano ou um intervalo de anos) e ainda possuir dados estatísticos que permitam a contabilização de todas as produções, extrações, importações, exportações, resíduos, e emissões de materiais na cidade em análise.

Estando reunidos todos os parâmetros acima descritos passamos a dispor de tudo o que é necessário para se elaborar o balanço entre as entradas (extração de recursos naturais e importação de bens) e as saídas (resíduos, emissões atmosféricas, para o solo e para a água, e exportações) que irá resultar no cálculo da acumulação de stock de materiais (ver ilustração 1).

Importa notar ainda que esse stock se manifesta sob a forma das infraestruturas, parque imobiliário e bens de investimento duráveis no sistema económico em análise.

Em resumo, através desta abordagem, uma cidade é conceptualizada sob a forma de um sistema que está interligado ao sistema ambiente, que extrai e transforma materiais deste último, mantem-nos acumulados durante um período de tempo e deposita-os de novo no ambiente no fim da sua utilização.

Atendendo a que mais da metade da população do mundo vive hoje em cidades, e as maiores áreas urbanas do mundo estão a crescer a um ritmo alucinante, tendo como exemplo as megacidades – regiões metropolitanas com população superior a 10 milhões – que de 1975 passaram de apenas 3 para 20 atualmente, torna-se cada vez mais relevante pensar sobre as cidades do ponto de vista metabólico, daí a importância do conceito de metabolismo urbano.

Através da análise e compreensão exaustiva de todos os fluxos inerentes às cidades, poderemos compreender quais as políticas e metas a adoptar a fim de se conseguir obter um efetivo controlo do crescimento urbano, e minimizar as consequências ao nível ambiental que esse crescimento acarreta.

O conceito de metabolismo urbano constitui-se assim, como uma ferramenta fulcral de conhecimento que permite às entidades responsáveis, identificar, analisar e planear de forma mais consciente todas as acções a desenvolver, que permitirão mitigar os efeitos do crescimento urbano desmesurado, que se tem vindo a fazer sentir nas últimas décadas e suas respetivas consequências que em tanto se têm demonstrado nefastas ao meio ambiente.

metabolismo
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