Dizem que os portugueses querem continuar em teletrabalho… será verdade?
Sim, é verdade! Os trabalhadores querem continuar em teletrabalho pelo menos uma vez por semana. E também é verdade que as empresas não estão a colocar-lhes entraves até porque admitem que o trabalho remoto traz ganhos em termos de produtividade.
Durante o mês de maio os portugueses tiveram de continuar em teletrabalho, como forma preferencial de desempenharem as suas funções profissionais, com exceção dos trabalhadores com funções incompatíveis com trabalho à distância. Mas agora em junho, começou o regresso parcial ao local de trabalho habitual. E falamos em regresso parcial porque, na tentativa de prevenir a propagação da Covid-19, as empresas definiram horários desfasados na maioria dos escritórios e continuaram com alguns dias em teletrabalho. Isso porque a ideia é, para uns, fazer um regresso progressivo e seguro, implementando, mesmo assim, rigorosas normas de segurança e higiene. Para outros a ideia é mesmo continuar por casa, a manter a produtividade sem baixar a qualidade de vida!
Trabalhadores: continuar em teletrabalho, pelo menos um dia por semana
Ao que parece, os portugueses gostaram da nova experiência laboral e até admitem que querem continuar em teletrabalho. Segundo resultados do estudo Remote Work em Portugal realizado pela JLL, 95% dos profissionais inquiridos acredita que mesmo após o desconfinamento, é melhor continuar em teletrabalho, pelo menos um dia por semana. Ainda assim, grande parte dos inquiridos não se importava de ficar mais dias a trabalhar a partir de casa: dois a três dias seria o ideal para 57% dos entrevistados!
Este inquérito da JLL, que reuniu cerca de 1.100 profissionais que deram a sua opinião sobre a recente experiência de teletrabalho, teve como objetivo medir a nível de contentamento e ajustamento ao trabalho remoto. E verificou-se de facto que a maioria dos inquiridos defende a continuidade do teletrabalho pós-pandemia: 83% dos inquiridos acredita que uma melhor gestão do tempo associada a uma vida mais sustentável só pode resultar em ganhos a nível de produtividade.
Também um estudo da agência Fixando revela que trabalhadores e empresas desejam continuar em teletrabalho no período pós-pandemia. Este inquérito reuniu 1.300 pessoas e teve como objetivo chegar a conclusões sobre a eficácia do trabalho remoto. E as conclusões, do lado dos trabalhadores, foram estas: 55% das pessoas sentem-se mais produtivas em teletrabalho e 65% preferem ficar a trabalhar a partir de casa no futuro. Mas também é certo que 20% dos inquiridos quer regressar rapidamente aos seus locais de trabalho habituais.
Quer conhecer as melhores ferramentas para teletrabalho? Clique aqui!
Continuar em teletrabalho: benefícios versus dificuldades
No estudo sobre trabalho remoto em Portugal da JLL, os profissionais apontam como principais benefícios do teletrabalho:
- A melhoria no desempenho profissional (71% dos inquiridos).
- A progressão na carreira, tal como no trabalho presencial (69% dos inquiridos).
- A redução do stress e ansiedade (57% dos inquiridos).
Por seu turno, os inquiridos do estudo da agência Fixando, admitem ainda que o período de isolamento social e de trabalho remoto serviu – e está a servir – para:
- Aquisição de hábitos mais sustentáveis (43% dos inquiridos).
- Redução da utilização de transportes (48% dos inquiridos).
- Redução de consumo de bens processados (31% dos inquiridos).
- Redução do consumo de bens não essenciais (25% dos inquiridos).
- Aumento do consumo de bens locais (28% dos inquiridos).
Se há desvantagens no teletrabalho? Sim! Os inquiridos no estudo sobre trabalho remoto em Portugal da JLL reconhecem algumas dificuldades no teletrabalho:
- Mais distrações (31% dos inquiridos).
- Mais dificuldade em se concentrarem devido ao facto de partilharem o espaço com a família (23% dos inquiridos).
- Falta um escritório ou de um espaço adequado para trabalhar (19% dos inquiridos).
- Falta de meios tecnológicos suficientes para trabalhar à distância (13% dos inquiridos).
Empresas: continuar em teletrabalho, aumentar a produtividade
E do lado das empresas? Não é diferente. As empresas ouvidas pela JLL têm capacidade tecnológica e digital e ferramentas eficazes de trabalho remoto para continuar a desenvolver os seus negócios à distância: 86% dos inquiridos considera que as suas empresas se adaptaram totalmente ao teletrabalho e até encontram bastantes benefícios neste modelo:
- Não se perde tempo em deslocações (32% dos inquiridos).
- Não se perde tempo com interrupções constantes no escritório (27% dos inquiridos).
- Faz-se uma melhor gestão do tempo com uma agenda mais flexível (25% dos inquiridos).
- Há mais tempo para a família (13% dos inquiridos).
Estes e outros benefícios do teletrabalho contribuem para um aumento da produtividade de cada trabalhador em particular, e de cada empresa em geral. Além disso, o teletrabalho ajuda na preservação do meio ambiente e na gestão familiar e empresarial mais sustentável.
A corroborar estas conclusões da JLL, está também o estudo da agência Fixando que indica que 45% dos empregadores, admite que a produtividade e as receitas aumentaram, enquanto 31% dos inquiridos alega que a produtividade e as receitas baixaram durante o teletrabalho. Ainda assim, 75% dos empregadores prefere continuar em teletrabalho durante mais uns tempos e 59% acredita mesmo que a longo prazo o trabalho remoto seja a solução. Mas 22% das empresas discordam, não veem futuro no teletrabalho, pelo menos nos seus modelos de negócio.
Continuar em teletrabalho: uma solução para recuperar depois da crise
Teletrabalho à parte, o impacto económico do confinamento para 80% dos inquiridos da Fixando, foi pesaroso. Empregados e empregadores consideram difícil recuperar as perdas dos últimos dois meses. Ainda assim, as empresas estão empenhadas em desenvolver os seus negócios noutros moldes, se necessário, e sempre com a crescente aquisição de novas ferramentas de comunicação. Os apoios financeiros do Estado, para muitos negócios, são imprescindíveis para ultrapassar a crise, mas a reorganização da empresa terá um peso ainda maior na superação dos maus resultados motivados pelo confinamento devido à Covid-19. E essa reorganização passará também, e ao que tudo indica, por uma redução do espaço físico, devido à menor densificação, e por uma aposta em ferramentas de comunicação e em escritórios mais tecnológicos, mais flexíveis e mais preparados para a partilha de postos de trabalho.
A transformação digital nas empresas é um facto. Indica-nos que o teletrabalho vai continuar, mas à partida não haverá uma transição total do trabalho no escritório para o trabalho em casa. Ver para crer!
Leia também o nosso artigo “Teletrabalho: dicas para não perder o foco”.