Se já fez start a este texto, leia até ao fim 🙂
Montar uma startup pode ser um sonho de vida e, ocasionalmente, um pesadelo. Frequentemente, uma mistura improvável e estranha dos dois mundos que nem todos estão preparados para lidar!
Se está em fase de montar, criar ou juntar-se a uma startup saiba que nem tudo é “cool”, fantástico e inspirador neste mundo exigente e tantas vezes apresentado como sexy: não deixa de ser, mas há mais pano do que pode parecer ao observador menos atento 🙂
As empresas e negócios ou projectos tipicamente em fase de arranque e que são agora tão faladas – mais recentemente com uma pequena ajuda do SharkTank português que ajudou a popularizar o fenómeno – são frequentemente apresentadas com uma aura sexy, inspiradora, recheada de “open spaces” e malta divertida e criativa com a “one million dollar idea” na gaveta. Mas nem tudo é glamour, criatividade e energia no fantástico e dinâmico mundo das startups.
Sono, dinheiro e tempo livre, esses subsídios de luxo!
As startups são organismos empresariais complexos, socialmente exigentes que no mínimo dos mínimos, podem muito bem provocar dores nas costas, cabelos brancos, sorrisos variáveis e irregulares e prováveis “furinhos” na carteira ou na conta. Em casos extremos podem causar afastamento social, tendências para dormir o mesmo número de horas que se demorava em jantares e almoços de amigos e alguns olhares de soslaio quando entra na sua agência bancária.
Claro que em alguns felizes casos, os mentores de uma startup podem passar a ser uma estrela no seu banco de eleição, que até então não os conhecia de lado algum a não ser para cobrar as pequenas e recorrentes comissões de manutenção bancária.
Se considera que é uma pessoa pouco paciente (com avidez de resultados imediatos) e que o conforto económico (salário fixo, férias e subsídios) está acima de qualquer patamar, deve falar com fundadores de startups que não tiveram sucesso ou que aprenderam que o fracasso é uma etapa cheia de lições de vida preciosas no caminho para a prosperidade. As startups não são mares de rosas, mas sim aprendizagens edificantes de vida profissional, gestão e sacríficio. Portanto, analise bem se é adepto do risco e se tem o espírito adequado para arriscar.
Pode demorar mais tempo do que o expectável para conseguir atingir o sucesso.
Startups, micro-gestão para super empreendedores
Gerir uma startup requer uma elasticidade fora do comum, a capacidade de nos colocarmos como funcionários e gestores, criativos e contabilistas, fornecedores e clientes, visões que tantas vezes colidem na forma e no objetivo. Desenvolver um espírito compartimentado de necessidades diferentes, quando neste caso são as mesmas, pode ser um desafio intelectual e financeiro a ter realmente em conta.
Aprender olhando para fora, falando com outros empreendedores e mentores de startups com mais tempo e experiência pode ser um atalho interessante para este caminho árduo. Outro, é concentrar a maior parte do tempo e recursos no “core” da actividade delegando em “outsourcing” tarefas que não fazem mesmo parte das “skills” dos empreendedores. Nem sempre é fácil porque acarreta e comporta custos, mas pode também significar manter a mente focada no que interessa e no que se sabe fazer bem. Ainda que manter o espírito multi-disciplinar é absolutamente imperioso para a fase do arranque e consolidação, optimizando custos desnecessários.
Startups, pedras e castelos, as dificuldades de uma startup
“Pedras no caminho? Junto-as a todas e construa um castelo”. Pode ser uma frase tipicamente vista no Pinterest, ou nas mais variadas mensagens inspiracionais que circulam no Facebook e no Linkedin, mas é também um dos lados mais positivos: lidar diariamente com obstáculos, dores, falhas, processos mal geridos, falhas de conhecimento em diversos sectores, e construir o nosso próprio caminho tantas vezes negado nas empresas “tradicionais” com órgãos de gestão mais conservadores e com pouca propensão para mudanças.
Aqui, no universo das startups, quem manda são mesmo os empreendedores, a menos que o sucesso bata cedo à porta e uma injecção de capital possa mudar o corpo dos decisores máximos. Perde-se poder, ganha-se autonomia financeira e capital.
O ecossistema das startups em Portugal
Felizmente, já começamos a ser uma presença constante no radar do empreendedorismo, das startups de sucesso e de alguns casos de internacionalização bem sucedida de empresas recentes que abriram as portas ao mundo e levaram para fora das nossas fronteiras o talento português, tantas vezes despercebido. Iniciativas universitárias de apoio a empresas, congressos e palestras de empreenderismo, workshops livres e prémios de inovação têm despontado um pouco por todo o país, com mais concentração – natural – nas cidades com maior densidade ou capital humano, fazendo deste sector um entusiasmante e dinâmico agente na geração de economia, postos de trabalho e desenvolvimento de investigação, inseridos num clima económico pouco amigável.
Os business angels e capitais de risco, têm feito também o seu papel no apoio a projectos que consideram interessantes do ponto de vista do crescimento, escalabilidade e expansão.
Startups: um sonho que vale a pena
Para as mentes irrequietas, esquecendo o lado mais exigente, é também uma oportunidade única, um sonho de vida e um estilo de actividade que em mais lado algum se pode alcançar a não ser com uma equipa dedicada, inspirada, com a camisola a 100% e mangas arregaçadas. Conhecer o lado menos positivo ou mais exigente é apenas uma necessidade para alcançar o sucesso. Errar, falhar, aprender, investir e reformular, sempre.
Start. Up, é o caminho!