Depressão: um dos efeitos secundários da Covid-19
Nem precisa de estar infetado com Covid-19 para apresentar um dos efeitos secundários da pandemia: a depressão!
A facilidade de contágio do novo coronavírus, que levou ao isolamento social e quiçá a um abalo nas finanças pessoais, pode estar a afetar o seu equilíbrio emocional e a abrir espaço para uma depressão. Mas não está sozinho! Psicólogos afirmam que mesmo após o fim do estado de emergência, muitas pessoas vão sentir-se tristes e desanimadas e, pior, com pânico de sair de casa. E tudo porque o contágio do novo coronavírus alterou de tal modo os hábitos dos portugueses que aumentou casos de ansiedade, depressão, ataques de pânico, agorafobia, fobia social, stress pós-traumático (especialmente nos profissionais de saúde) e até transtorno obsessivo compulsivo e tendências suicidas.
Um inquérito da empresa Fixando que inclui um conjunto de 600 psicólogos e 1.200 famílias, indica mesmo que a maioria dos portugueses (55%) admite estar mais stressada e ansiosa nesta fase de pandemia do que antes da chegada da Covid-19. Porquê? Porque as pessoas estão com medo de ficarem infetadas com o vírus, sim, mas também, e principalmente, porque estão fechados em casa e perderam parte dos seus rendimentos.
Também uma investigação do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto indica que 25% dos inquiridos (numa amostra de 3.432 pessoas entre os 16 e 89 anos) admite estar a sentir tristeza, desespero e depressão. Sentimentos negativos que foram mais anunciados por mulheres e em faixas etárias mais jovens.
Depressão | O que é?
Depressão é uma doença psiquiátrica crónica e recorrente que se traduz por uma alteração do humor que leva a uma tristeza profunda. Estima-se que atinja 350 milhões de pessoas no mundo.
A depressão distingue-se da tristeza profunda que qualquer pessoa pode sentir na sequência de um episódio difícil, como a morte de um ente-querido, por ser insuperável. Ou seja, é uma tristeza patológica e não transitória que pode, inclusive, não ter causa aparente. Nesta situação, o paciente permanece deprimido todo o dia, todos os dias, acabando por perder o interesse pelas atividades que antes o satisfaziam, afetando a esfera pessoal, familiar e profissional. Por isso, a depressão é definida como uma doença incapacitante, não obstante poder variar no seu tipo, intensidade e duração.
Além de acontecimentos desagradáveis ou traumáticos (como o isolamento social ou a consequente perda de emprego, por exemplo), a depressão também pode ser motivada por uma predisposição familiar ou por um quadro de ansiedade.
Depressão | Sintomas
A depressão apresenta vários sintomas a psicológico e físico. Entre eles:
- Sensação de tristeza persistente.
- Fadiga constante.
- Irritabilidade, ansiedade e angústia.
- Falta de interesse por atividades que antes eram prazerosas.
- Sensação de culpa.
- Falta de esperança.
- Desanimo e indecisão.
- Sentimento de medo e insegurança.
- Insónia ou hipersónia (dormir em demasia).
- Variações abruptas de peso, com perda ou aumento do apetite.
- Dores e outros sintomas físicos não justificados por problemas médicos: dores de barriga, má digestão, azia, diarreia, obstipação, flatulência, tensão muscular, dor de cabeça, etc.
- Alteração da memória, concentração e raciocínio.
- Diminuição da autoestima e da autoconfiança.
- Pensamentos suicidas.
Leia também o nosso artigo: Problemas de saúde mental – Porque eles existem.
Depressão e Covid-19 | Como evitar?
Se está quase a assinalar com um visto alguns dos sintomas acima enumerados, é hora de tomar medidas para evitar que este momento difícil se torne ainda mais complicado, abalando a sua saúde mental. Em primeiro lugar, lembre-se que o isolamento social vai terminar, aos poucos, mas vai! Por isso, continue a cumprir com o distanciamento para evitar o contágio da Covid-19, mas faça-o com ânimo! Tente manter, dentro do possível, a sua rotina, mas acrescente alguns hábitos novos e prazerosos. Inclusive, pode e deve seguir as indicações da própria OMS (Organização Mundial da Saúde) que divulgou um guia com cuidados para a saúde mental durante pandemia, em que propõe uma série de comportamentos a pessoas em isolamento. Manter a rede familiar, de amigos e conhecidos é um deles! Como? Através de meios de comunicação à distância, como telefone, mensagens em redes sociais e videochamadas através da Internet. Mas a OMS também alerta para um afastamento das chamadas “fake news”, que não passam de boatos que podem causar mais desconforto e angústia. E, claro, aconselha as pessoas a aproveitarem o facto de estarem em casa para descansarem e relaxarem, mas ao mesmo tempo, fazerem exercício físico, manterem um sono regular e uma dieta equilibrada. Por isso, não caia na tentação de comer demasiados doces que podem afetar a sua figura e a sua saúde e acentuar a depressão que já está em estado eminente!
Depressão e Covid-19 | Como contrariar?
Não está a conseguir contrariar essa tendência para a depressão? Que tal tentar olhar para o período de isolamento social com outros olhos? Em lugar de o ver como uma medida de restrição que o está a impedir de conviver, de se divertir e até de trabalhar e ganhar dinheiro, veja-o apenas como uma medida para agir de forma responsável e consciente em prol da sua saúde, da saúde dos seus e de milhares de tantos outros portugueses que – já agora – também estão confinados em casa. Desta forma é capaz de encarar melhor o estado de emergência e não deixar que os sintomas da depressão progridam. Lembre-se, inclusive, de outros momentos difíceis por que já passou e compare-os com este, em que a única coisa que tem de fazer é ficar por casa, e veja como esta situação atual perde o dramatismo.
E agora que relaxou, procure intercalar o trabalho (caso esteja em teletrabalho) com momentos de lazer e aproveite o tempo livre em casa para expressar as suas emoções, implementando novos interesses na sua nova rotina: escrever, desenhar, pintar, costurar, cantar, meditar… E não importa se nunca fez nada disto! A ideia é precisamente essa, experimentar e ver o que resulta consigo para contrariar esse estado depressivo.
Depressão e Covid-19 | Como tratar?
Está a evidenciar muitos sintomas comuns à depressão? Pois tem de procurar por tratamento. Mesmo havendo consciência de que o seu quadro depressivo foi motivado pela pandemia e que muitas pessoas estão a passar pelo mesmo neste preciso momento, não pode aquietar-se! Se não procurar por ajuda médica, o quadro pode-se agravar com as incertezas provocadas pelo novo coronavírus, os riscos de contaminação da Covid-19 e a obrigação de isolamento social. É por isso que deve consultar um médico psiquiatra que muito possivelmente lhe receitará medicação, já que existem muitos antidepressivos disponíveis para auxiliá-lo na cura, levando os sintomas a desaparecer progressivamente.
Mais informações sobre como preservar a saúde mental durante o isolamento social, aqui!