Portugal participa já há alguns anos no maior estudo mundial sobre o empreendedorismo – Global Entrepreuneurship Monitor (GEM), que compara os níveis de empreendedorismo em diferentes países, tendo em consideração diferenças económicas.
GEM iniciou em 1999 por duas universidades, uma Estadunidense e outra do Reino Unido, Babson College e London Business School, respectivamente. Contou com a participação de 10 países e funciona como um exercício de benchmarking internacional.
Para a realização do estudo, foi estabelecida uma fronteira na definição de empreendedorismo:
“Qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou nova iniciativa, tal como emprego próprio, uma nova organização empresarial ou a expansão de um negócio existente, por parte de um indivíduo, de uma equipa de indivíduos, ou de negócios estabelecidos”.
GEM estabelece parcerias com instituições de alguns países participantes, e em Portugal conta com o apoio do ISCTE-IUL (Instituto Universitário de Lisboa) e a Spi Ventures (empresa de consultadoria) para a realização dos estudos através de inquéritos.
O principal índice de comparação é a Taxa de Actividade Empreendedora Early-Stage (TEA), e é através desta taxa que sabemos que em 2012 Portugal encontrava-se em 44º lugar, de entre 69 países.
Para uma comparação justa, existe uma divisão de economias:
- Economias orientadas por factores de produção (estádio avançado)
- Economias orientadas para a eficiência (estádio intermédio)
- Economias orientadas para a inovação (estádio avançado)
O país lusitano encontra-se no último tipo descrito, ou seja, no tipo de economias orientadas para a inovação, onde se encontram também países como o Reino Unido, Alemanha, França, Estados Unidos da América, entre outros.
As economias orientadas para a inovação são aquelas onde se vê uma mudança gradual para o sector dos serviços à medida que ocorre um amadurecimento e aumento da riqueza. Uma perspectiva bastante motivadora não lhe parece?
A inovação distorce o equilíbrio de mercado e é um agente de mudança que promove o crescimento da economia. Um empreendedor corre sempre o risco associado à inovação, mas ao introduzir novas combinações de produtos ou serviços e ao trazer consigo uma diferenciação da concorrência promove a mudança e fluidez económica.
Empreendedorismo Por Sectores
O sector com maior taxa de empreendedorismo em Portugal é o orientado ao consumidor, isto é, retalhistas, restauração, lazer, alojamento, saúde, educação, etc., com 44,9%.
Estando em segundo lugar o sector da transformação (construção, manufactura, transporte, comunicações, utilidades e distribuição grossista) com 26,2%.
O sector orientado ao cliente organizacional conta com a fatia de 23,8%, e o sector extractivo somente com 5,1%.
Caracterização Demográfica Dos Empreendedores
Em termos de percentagem homens-mulheres, Portugal teve uma evolução na paridade em comparação com os anos anteriores, sendo que do global da população activa em Portugal contamos com 9,2% homens e 6,1% mulheres empreendedoras.
Em comparação com o estudo de 2011, conclui-se que a evolução da taxa TEA deve-se sobretudo ao aumento de número de mulheres empreendedoras.
Em termos percentuais de empreendedores em Portugal temos então o seguinte quadro:
A faixa etária com maior incidência de empreendedores é a entre os 25 e os 34 anos, com 10,6% da população total. Para melhor visualização traçamos o seguinte quadro, com valores aproximados, tendo em consideração o total de indivíduos empreendedores:
Motivações Dos Empreendedores
As motivações dos empreendedores portugueses situam-se sobretudo no campo das oportunidades com 58,3%. Este valor traduz uma vontade empreendedora e o reconhecimento de oportunidades, mesmo em tempos de crise.
A segunda causa do desenvolvimento de actividades empreendedoras é a necessidade, para sustento próprio, como saída do desemprego, entre outras, com 26,2%.
Uma mistura de motivos levou 15,6% dos empreendedores a iniciar actividade.
Opinião De Especialistas
O ISCTE-IUL e a Spi Ventures realizaram um senso entre especialistas nacionais sobre o empreendedorismo para saber a sua opinião em relação a 9 factores e as suas influências positivas e negativas para o desenvolvimento do empreendedorismo em Portugal.
Estes especialistas chegaram à conclusão que as estruturas mais favoráveis e facilitadoras para o empreendedorismo nacional são o “Acesso a Infraestruturas Físicas” e a “Infraestrutura Comercial e Profissional”. Contudo tanto a primeira como a segunda são influenciadas negativamente pelos custos elevados que envolvem.
As condições estruturais menos favoráveis, segundo os especialistas, são as “Políticas Governamentais”, que acarretam um excesso de burocracia e carga fiscal, funcionando como obstáculo para o empreendedorismo.
Ainda desfavorável é a condição “Normas Culturais e Sociais”. Os especialistas consideram a cultura nacional pouco orientada para o empreendedorismo, havendo falta de estímulo para o êxito individual.
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Uma resposta
Creio que ainda a maior parte motiva-se devido a necessidade, mas estes números agradam a uma grande massa de empreendedores da atualidade…