Diz um provérbio africano que “é preciso toda uma aldeia para educar uma criança”, e a verdade é mesmo essa. Apesar de querermos ajudar sempre as nossas crianças no que toca à sua educação, tentando ao máximo ser parte integrante dela, por vezes temos que baixar os braços e aceitar que isso só não basta.
Estudar desde sempre se constituiu um dos hábitos mais valorizados nas famílias e na sociedade. A ele está associada a ideia de que nos permitirá obter uma maior probabilidade de obtenção de um emprego melhor, êxito na carreira, de acumulação de conhecimento e de nos podermos posicionar criticamente perante o mundo.
Todavia estudar é um investimento a longo prazo e por isso, mesmo em adultos, torna-se complicado manter os níveis de motivação no máximo.
Se estivermos a falar de crianças, antes mesmo da sua entrada na escola, torna-se evidente que a aprendizagem/educação começa em casa, isto porque nesse meio ela reproduz automaticamente uma série de comportamentos, como sentar-se, pegar no lápis, rabiscar, etc, imitando quem está à sua volta, sendo através desse processo que se começa a estimular o cérebro, permitindo desenvolver competências cognitivas que permitirão a concretização futura daquilo que se constitui como “estudo”.
Mas de crianças não podemos exigir um “estudo” tal como o próprio conceito se define. Não podemos exigir delas uma classe de respostas que envolve organizar material de estudo, sentar-se, folhear o material, fazer a lição (ou resolver questões), ler um texto ou livro, responder perguntas, porque não é suposto que o seu cérebro esteja tão desenvolvido. Todavia, se o estímulo destas atividades que compõem o estudo for incutido junto da criança desde tenra idade é muito provável que esta se torne um jovem metódico e um adulto organizado e eficaz.
Atualmente é muitas vezes noticiado que as nossas crianças e jovens possuem hábitos inadequados de estudo, que se expressam na falta de método e na contínua procrastinação de tarefas. Assiste-se pois nas escolas ao cenário pautado pelo olhar noutras direções que não o material pedagógico e os professores, movimentos de fuga, que afastam os alunos da tarefa a concretizar (que se expressam em gestos como levantar-se, ir ao wc, dormitar, comer) além de verbalizações dispersivas (cantar, conversar com alguém sobre outros assuntos).
De acordo com estudos no campo da psicologia, os comportamentos relacionados com a improdutividade no estudo estão intimamente ligados a determinados contextos, sendo apontadas duas falhas comuns: as falhas no ambiente exterior e as falhas no acompanhamento pedagógico.
As primeiras são facilmente resolvidas, visto se centrarem em questões maioritariamente relacionadas com o ambiente externo, como a inexistência de ambiente apropriado ao estudo, iluminação inadequada ou com variedade de estímulos visuais, sociais e auditivos, horários flutuantes para o estudo, desorganização do material, inexistência de uma rotina para tal, entre outros. Por outro lado a falha de acompanhamento pedagógico é a que maior impacto tem e é esta a maior lacuna que é necessário colmatar. Isto acontece porque atualmente se verifica a impossibilidade de uma dedicação integral quer da parte da escola, quer da parte dos pais, seja, respetivamente, por horário em excesso (que resulta em desgaste não só dos professores como dos alunos), seja por não haver tempo para investir.
É neste contexto que se tem verificado uma crescente necessidade de apoio especializado que se concretiza na recorrente procura de explicadores particulares e centros de explicações para ajudar a ultrapassar as dificuldades de aprendizagem.
A importância deste tipo de acompanhamento tem-se revelado cada vez mais fundamental no garante da melhoria do aproveitamento dos alunos, não só porque permite um estudo direcionado em contexto não escolar, mas também porque a orientação do estudo é promovida por pessoas especializadas, que normalmente estudaram as áreas que acabam por transmitir aos explicandos.
Outro fator de sucesso nesta abordagem é a o facto de tipicamente os explicadores serem jovens a terminar os seus cursos, ou já com eles terminados, o que leva a uma diminuição da diferença de idades entre explicador e explicando, fazendo com que este último se sinta mais à vontade para expor as suas dúvidas.
Para além de todas as vantagens já apresentadas é de notar ainda que muitas vezes, e infelizmente acontece, os explicadores desempenham também papéis que não os seus – são pais, amigos, cuidadores, mentores, confidentes – porque em alguns casos a impossibilidade de haver responsáveis por cada papel foi maior do que a sorte dos explicandos, conseguindo ainda assim motivá-los e dar-lhes razões para nunca desistir e fazer sempre melhor.
Para além de tudo o que um explicador pode fazer por um explicando, é importante não esquecer que esta relação é bidirecional. Todos os explicadores aprendem com os seus explicandos tanto quanto ensinam. As diferenças óbvias entre vidas, rotinas e ritmos diferentes, permitem a cada explicador desenvolver as capacidades criativas e de adequação ao de compreensão consoante cada caso.
Assim sendo, a necessidade de uma abordagem pessoal e de adequação a cada tipo de aprendizagem leva a que haja um crescimento e um amadurecimento de ambas as partes, permitindo que fora da explicação se desenvolva uma capacidade de analisar e compreender determinados assuntos, que apriori não havia.
Não nascemos sozinhos e estamos rodeados de pessoas com ideias e vidas distintas, e para além disso todos temos consciência que basta permitirmos a entrada de uma parte dessas pessoas na nossa vida para que tudo mude. Na educação esta situação verifica-se igualmente e a sua magnitude de impacto é muito superior. Os explicadores e os centros de explicação podem ajudar o explicando, tal como todos os que rodeiam, a atingir as metas às quais se propôs, de forma mais fácil do que se estivesse a trilhar o caminho da sua educação sozinho. Ao cooperar, explicadores, pais, avós, amigos, internet, tornam-se parte da aldeia que educa o explicando que um dia também virará mestre e prosseguirá o ciclo.