A atividade empresarial da zona euro voltou a entrar em contração em setembro, após uma ligeira recuperação no mês anterior. Segundo o Purchasing Managers’ Index (PMI), compilado pela S&P Global e divulgado pela Reuters, o índice caiu de 51,0 em agosto para 49,6 em setembro, abaixo da marca de 50 que separa o crescimento da contração, embora o declínio não tenha sido tão severo quanto inicialmente previsto.
A desaceleração reflete as pressões inflacionárias persistentes, que, apesar de terem diminuído, continuam a afetar a procura de serviços. Os dados indicam que o setor dominante de serviços da zona euro registou uma queda para 51,4, face aos 52,9 de agosto. Embora ainda em crescimento, o ritmo desacelerou significativamente, especialmente em França e Alemanha, enquanto a Espanha se manteve como a exceção mais otimista, de acordo com Cyrus de la Rubia, economista-chefe do Hamburg Commercial Bank.
A desaceleração surge num contexto de redução gradual da inflação, que caiu para 1,8% em setembro, abaixo do objetivo de 2% estabelecido pelo Banco Central Europeu (BCE). Esta descida reflete os esforços para conter o impacto da inflação sobre a economia, com empresas da região a aumentarem os preços de forma marginal. No entanto, a procura de serviços diminuiu acentuadamente, com o índice de novos negócios a cair para 49,7, o nível mais baixo dos últimos oito meses.
Em França, o enfraquecimento da atividade empresarial após o efeito positivo dos Jogos Olímpicos, juntamente com a quase estagnação em Itália e Alemanha, contribuiu para um panorama mais desafiador. No entanto, os analistas destacam que, embora o setor dos serviços ainda esteja a crescer, o abrandamento é evidente, e a recuperação económica enfrenta obstáculos significativos, as reações de economistas e analistas indicam que a zona euro enfrenta desafios económicos persistentes, apesar das melhorias em áreas específicas, como a inflação. A queda na atividade empresarial pode reforçar a necessidade de um novo corte nas taxas de juro por parte do BCE para impulsionar a procura. Com a inflação a cair abaixo da meta do BCE, a especulação sobre um possível corte é cada vez mais evidente, mas os dados de setembro sugerem que a recuperação pode demorar mais do que o esperado.
As empresas, por sua vez, estão a adotar uma abordagem cautelosa, subindo preços de forma limitada, o que, de acordo com os especialistas, pode refletir uma tentativa de mitigar o impacto da redução da procura sem perder competitividade. Cyrus de la Rubia, ao comentar os resultados do PMI, sublinhou que “ao olhar mais profundamente para os dados de cada país, a situação torna-se menos otimista“, apontando a Espanha como a única exceção positiva. Por outro lado, os dados também reforçam que as pressões inflacionárias parecem estar finalmente a abrandar, o que pode oferecer algum alívio às empresas e consumidores da zona euro, apesar das expectativas de que as pressões inflacionárias se estabilizem, a redução da atividade empresarial sugere que os decisores políticos enfrentam desafios para estimular a economia sem reativar a inflação. A queda na procura de serviços e a desaceleração nas principais economias da zona euro, como a Alemanha, sugerem que a recuperação pode continuar a ser moderada nos próximos meses.
O relatório de setembro confirma que a zona euro entrou novamente em território de contração, com implicações potencialmente significativas para a política monetária do BCE, o abrandamento da inflação pode abrir caminho para novos cortes nas taxas de juro, enquanto os governos e empresas ajustam-se a uma nova fase de incerteza económica, nos próximos meses, será crucial monitorizar a evolução da procura de serviços e os impactos das possíveis medidas de estímulo económico no crescimento da região.