A dependência da infraestrutura digital dos EUA coloca a Europa em risco e o que pode ser feito para mitigá-lo.
Imagine acordar um dia e descobrir que não consegue acessar o seu e-mail, as suas redes sociais, ou até mesmo ao seu banco online.
Não é um cenário de ficção científica, mas uma possibilidade real se os EUA decidirem usar a sua posição dominante na infraestrutura da internet como uma ferramenta política.
Donald Trump, durante a sua presidência, deixa claro que esta disposto a usar todos os meios ao seu alcance para promover os interesses americanos, mesmo que isso signifique prejudicar aliados próximos como a Europa.
A internet liga milhões de pessoas, não é tão descentralizada quanto gostaríamos que fosse. Na verdade, grande parte da infraestrutura crítica está localizada nos… isso mesmo, EUA.
Os servidores DNS raiz, que são essenciais para o funcionamento da internet, estão em grande parte sob a jurisdição americana, empresas como Google, Amazon, Microsoft e Facebook, que controlam grande parte do tráfego e dos serviços da internet, são americanas.
Se um presidente americano decidir que é do interesse nacional dos EUA restringir o acesso a certos serviços ou infraestruturas, a Europa poderia enfrentar interrupções significativas.
A maioria dos servidores DNS raiz, que são essenciais para traduzir nomes de domínio em endereços IP, estão localizados nos EUA. Isso significa que, tecnicamente, o governo americano tem a capacidade de interferir no funcionamento desses servidores, o que poderia afetar o acesso à internet em todo o mundo.
As maiores empresas de tecnologia do mundo são americanas. Google, Amazon Web Services, Microsoft Azure e Facebook controlam uma parte significativa do tráfego da internet e dos serviços em cloud. Se estas empresas forem obrigadas a restringir o acesso aos seus serviços na Europa, o impacto seria enorme. Se os EUA decidirem restringir o acesso a certos serviços ou infraestruturas, a Europa poderia enfrentar interrupções significativas. Isso afetaria não só os utilizadores individuais, mas também empresas e governos. Imagine o caos se, de repente, empresas europeias não pudessem aceder aos seus dados armazenados na cloud da Amazon ou do Google.
A Europa precisa de investir em infraestrutura própria, como fibra óptica, servidores DNS e serviços de cloud computing. Projetos como o GAIA-X, que visa criar uma infraestrutura de cloud europeia soberana, são passos na direção certa. A Europa precisa de políticas que incentivem a independência tecnológica e a proteção dos dados dos cidadãos europeus.
A Europa deve trabalhar com outros parceiros internacionais para criar uma internet mais descentralizada e resistente a pressões unilaterais. Isso inclui colaborar com países e organizações que partilham os mesmos valores de liberdade e neutralidade da internet.
Sabia que mais de 50% dos servidores DNS raiz estão localizados nos EUA? Isso dá ao governo americano um controlo significativo sobre o funcionamento da internet global.
A dependência da Europa da infraestrutura digital dos EUA coloca-a numa posição vulnerável.
Há medidas concretas que podem ser tomadas para aumentar a autonomia digital da Europa. Investir em infraestrutura própria, criar políticas que promovam a independência tecnológica e trabalhar com parceiros internacionais são passos essenciais para garantir que a Europa não fique à mercê de decisões políticas unilaterais dos EUA.
Convido os leitores a refletirem sobre a importância da autonomia digital e como isso afeta não só a sua vida pessoal, mas também a economia e a segurança nacional.
Agradeço a leitura e convido-o a continuar esta discussão nos comentários ou nas redes sociais. Até ao próximo artigo!