As piores cheias das últimas décadas em Espanha já provocaram pelo menos 158 vítimas mortais, deixando um rasto de destruição sem precedentes e comunidades inteiras em luto. A região de Valência foi a mais fustigada pela catástrofe, registando 155 óbitos, enquanto Castela-La Mancha e a Andaluzia contabilizam as restantes vítimas.
Na terça-feira à noite, a cidade de Chiva, próxima a Valência, registou em apenas oito horas um volume de precipitação equivalente a um ano inteiro, segundo a agência meteorológica espanhola Aemet. Em Paiporta, onde um rio transbordou, já foram confirmados 40 óbitos.
“Todos conhecemos alguém que morreu”, partilhou Miguel Guerrilla, farmacêutico local, enquanto observava a sua farmácia coberta de lama. “É um pesadelo.”
Mais de 1.200 operacionais, apoiados por drones, trabalham incansavelmente nas operações de resgate, enquanto as chuvas continuam a ameaçar partes do país. O número exato de desaparecidos permanece por confirmar, mas as autoridades admitem serem “muitos”.
O Primeiro-Ministro Pedro Sánchez, em visita às zonas afetadas, declarou: “Neste momento, o mais importante é salvar o maior número possível de vidas.”
A tragédia levanta questões sobre a eficácia dos sistemas de alerta em Espanha, a proteção civil só emitiu um alerta às 20h15 de terça-feira, quando várias localidades já se encontravam submersas há horas, esta aparente falha na gestão da emergência tem gerado indignação pública.
Espanha iniciou um período de luto nacional de três dias, com bandeiras a meia-haste nos edifícios governamentais e minutos de silêncio em memória das vítimas, esta é a tragédia mais mortífera causada por cheias desde 1973, quando cerca de 150 pessoas perderam a vida nas províncias do sudeste do país.
Centenas de famílias encontram-se em alojamentos temporários, e muitas estradas e ligações ferroviárias permanecem cortadas. Em Jerez, centenas de famílias foram evacuadas devido à subida dos níveis dos rios, enquanto em La Torre, novas chuvas continuam a agravar a situação.
A recuperação será um processo longo e árduo para estas comunidades devastadas, que agora enfrentam não só o luto pelas vidas perdidas, mas também o desafio de reconstruir tudo o que as águas levaram.