Desde o primeiro instante em que vimos ao mundo começamos a aprender sobre ele através da sua apreensão. Começamos por apreender os estímulos sob a forma de sons, imagens e toques, seguindo-se a interligação de toda essa informação, a fim de que o mundo se comece a configurar e a fazer-nos sentido à medida que crescemos. É também à medida que crescemos que precisamos de garantir a (re)criação constante de uma metodologia de organização mental que nos permite a apreensão de novos conceitos, novas técnicas e novos métodos.
O método de aprendizagem é sempre complexo, pessoal e intransmissível. Todavia, enquanto não descobrimos o nosso próprio método é legítimo ir experimentando algumas técnicas que nos permitam obter uma sensação de aprendizagem eficaz.
Há quem precise do acompanhamento de um explicador/tutor, há quem recorra aos irmãos, e até ao estudo grupal com amigos em cafés, mas a verdadeira essência da apreensão de conhecimentos não deriva do ambiente envolvente (ainda que tenha influência) mas sim da gestão interna da percepção sobre determinados assuntos.
O primeiro passo para uma aprendizagem eficaz é conhecer-se a si próprio. Ao perceber os seus limites consegue depreender rapidamente se será capaz (ou não) de prestar atenção a um assunto durante uma determinada quantidade de tempo. Se for por natureza distraído não tenha a tentação de se forçar a prestar atenção, mais do que aquilo que acha que consegue apreender de forma calma e suave, isto porque conhecer os limites da sua atenção faz a diferença entre o seu desgaste mental e a sua aprendizagem saudável.
O segundo passo é ter um plano. E ter um plano não é elaborar um método infalível e inflexível de aprendizagem, até porque o seu plano pode passar por simplesmente o ter e não o seguir. Confuso? Clarifiquemos então.
Há pessoas que funcionam bem com horários exatos, cingindo-se não só ao horizonte temporal como à tarefa que é suposto realizar nesse horário, deixando distrações de parte. À posteriori este tipo de pessoas consegue desligar-se do que fez durante aquele horário dedicado e disfrutam da sua vida e dos seus hobbies – são execucionistas.
Por outro lado existe quem funcione melhor com o estabelecimento de um plano – concretizado sob a forma de uma lista de afazeres (“to do lists”) – garantindo desta forma a si próprio uma sensação de organização e calma, que mesmo que não seja seguido de forma linear, não traz qualquer comprometimento – são os “planadores” (sim, planadores. São aqueles que planeiam os objetivos a cumprir mas depois planam entre eles, como se de planadores se tratassem, sem seguirem uma ordem de concretização, mas cumprindo eficazmente os seus objetivos).
Independentemente da caracterização em que se insere há que recorrer a técnicas de execução se queremos ver os nossos objetivos cumpridos.
Dentro das técnicas de aprendizagem convencionais temos a “já gasta” recomendação que é a de fazer resumos e ou exercícios sobre a matéria. E, quer se queira quer não é uma recomendação muito importante e válida, porque ao fazermos resumos conseguimos relacionar conceitos teórico-práticos que ao serem trabalhados sob a forma de exercícios práticos nos seus pontos mais essenciais facilitam a apreensão e compreensão do conhecimento. Todavia, não é dos métodos convencionais que se vai falar.
Já alguma vez pensou em fazer uma canção com matéria que tem para estudar? Nunca pensou em inserir elementos que precisa de decorar numa quadra? E numa poesia inteira? E dançar ao som de música clássica enquanto tem os seus apontamentos na mão? Falar alto como se estivesse a explicar às moscas o conteúdo que tem que apresentar no dia seguinte? Muitas são as técnicas não convencionais que ajudam o cérebro a arquivar informação.
Está cientificamente provado que a criatividade é o segredo que nos permite contornar os problemas que se afiguram como os mais “stressantes”. Através da criatividade o nosso cérebro recria a realidade e abençoa-nos com hormonas que nos causam uma sensação de bem estar e de controlo da situação.
Em situações de aprendizagem o stress está acumulado e tolda-nos muitas vezes a visão e a mente, não permitindo uma absorção eficaz de matérias que já deviam estar sabidas. Dada essa situação de ansiedade face à necessidade de ter que saber tudo o que há para saber “para ontem” páre, respire e olhe para a quantidade de coisas que pode fazer:
- Se for uma pessoa de letras e possuir facilidade em escrever experimente reunir as palavras chave do assunto que precisa de estudar e criar uma poesia breve com elas interligando as suas ideias;
- Se for uma pessoa com tendência para esquemas experimente utilizar um papel de cenário (ou um papel grande) e organize o tema central ao meio com uma cor que o faça automaticamente remeter para o tema (ex. Ambiente – verde) e vá adicionando vários braços para os vários subtemas também eles com cores distintas. Se preferir, e possuir boa memória visual, em vez de escrever sobre os subtemas faça pictogramas relacionados (ex. Em vez de escrever “mais pessoas” ilustre por exemplo “+s”.
- Se for uma pessoa tendencialmente musical selecione uma lista de músicas do seu agrado para o acompanhar no estudo de determinada matéria e no dia da prova de conhecimentos volte a colocá-la alguns minutos antes para que o seu cerébro ative a mesma parte do dia anterior e o faça ter a matéria prontinha a debitar quando necessário.
- Se for uma pessoa com tendência para a tecnologia procure tirar o melhor proveito de vídeos exemplificativos sobre a matéria que lhe interessa pois irá encontrar variadas abordagens ao tema por toda a internet, sobretudo no youtube. Neste ponto é de abordar o excelente trabalho das TEDTalks que fomentam a aprendizagem de forma simples e sob a forma de uma conversa pouco ou nada formal.
- Se for uma pessoa que se motiva através do exercício físico porque não criar metas de aprendizagem? Ao definir que “quando terminar este capítulo vou fazer os meus exercícios” está a garantir um foco mais direccionado da sua atenção e conseguirá aumentar o seu rendimento. Como o exercício físico também liberta hormonas de bem estar irá conseguir facilmente cumprir esta técnica e alcançar não só os seus objetivos pessoais como profissionais.
- Se for uma pessoa que não sente especial atracção por nenhuma área criativa, tente explorar na mesma alguma destas opções anteriores e se vir que não se adequam ao seu estilo, porque não voltar ao início e à típica recomendação da elaboração de resumos, mas agora de forma personalizada com cores que o fazem automaticamente identificar os assuntos chave, com música que gosta e que pode reproduzir minutos antes da prova de conhecimentos, elaborando algumas quadras com informação mais aborrecida de decorar, e depois de resumido, porque não espalhar numa folha larga ou numa pequena (porque para algumas pessoas a atenção pode ser mais focalizada se o papel onde se escreve for menor) os conceitos chave.
Estudar e aprender não tem que ser aborrecido. Basta que, conhecendo-se a si mesmo, nomeadamente os seus maneirismos e as suas zonas de conforto, as ponha a favor dos seus objetivos de aprendizagem. Cada pessoa tem o seu ritmo, o seu método e a sua técnica. Se não consegue saber qual é a sua experimente uma das que foram sugeridas. Se nenhuma lhe agradar, invente! A sua imaginação agradece o estímulo e a sua aprendizagem será de certo eficaz.