Se está a pensar que vamos falar sobre a dieta do Super-Homem pare. Não é disso que este artigo trata. Aquilo que aqui se traz hoje é a nossa relação com a comida, essa relação que nem sempre é “super”, e muitas complicações nos traz.
No dia-a-dia em que tudo passa a correr, também a nossa alimentação mudou de forma quase integral, levando-nos a comer desregradamente, “pestiscando” várias vezes ao dia, porque mesmo não gastando energia, continuamos a ficar “cheios de fome”.
Nunca fomos tão sedentários. Há pelo menos 50 anos os trabalhos eram fisicamente exigentes, os meios de transporte diminutos e praticamente todos andavam a pé. Atualmente há tecnologias para tudo, que nos simplificam em muito a vida, mas que no fim do dia nos levam a uma poupança energética nefasta, em termos de calorias ingeridas. Em resumo, temos mais energia mas poucas formas de a gastar.
Apesar de tudo temos consciência de que não podemos simplesmente deixar de comer ou alterar radicalmente a nossa dieta, sobretudo porque é dela que advêm todos os nutrientes necessários ao nosso bem-estar.
Esses nutrientes provêm dos resultados das reações metabólicas que ocorrem ao longo de todo o sistema digestivo, levando a que a comida se vá fragmentando em pedaços sucessivamente mais pequenos e menos complexos, para que, em determinado ponto consigam facilmente entrar na corrente sanguínea e aí alimentar todo o sistema de órgãos que nos dão suporte à vida. É precisamente durante esse processo de transformação que o corpo garante a robustez e a vivacidade que cada um de nós deve ter para aguentar, durante mais um dia de “trabalho”. Todavia o nosso corpo funciona como um qualquer sistema que, quando mal alimentado à entrada (seja em quantidade, seja em qualidade) vai garantidamente gerar problemas.
Atualmente existem infinitos tipos de dietas. Cada pessoa defende a sua, e ninguém está certo, nem ninguém está errado. Todavia a verdade que é transversal a qualquer tipo de regime é que “nada se perde, nada se ganha, tudo se transforma” pelo que, na realidade voltamos à típica premissa de que “somos o que comemos”.
Assim sendo, aliando uma alimentação saudável (e por alimentação saudável entenda-se um regime moderado com a inclusão de tudo aquilo que se possa considerar alimento) ao exercício físico que nos permite catalisar essa mudança (e por isso acelerá-la) rapidamente, conseguiremos uma transformação da nossa figura e automaticamente do nosso estilo de vida.
Na vida é realmente importante estar aberto à mudança que muitas vezes é induzida pela investigação científica que nunca pára. É através dela que vamos conhecendo formas de melhorarmos a nossa alimentação e consequentemente a nossa saúde. Dentro deste âmbito, os cientistas têm dedicado muita atenção aos atualmente designados “super alimentos”, pois consideram que estes contêm na sua constituição propriedades extraordinariamente benéficas à saúde humana. Calculo que tenha começado mesmo agora a franzir o sobrolho, mas mesmo que seja daquelas pessoas avessas a mudanças no típico bitoque e batata frita, porque não tentar? Veja só o que pode beneficiar através da introdução destes alimentos na sua dieta alimentar.
Legumes de folhas verdes
Segundo vários especialistas, este tipo de legumes são um dos alimentos mais saudáveis que podemos acrescentar à nossa dieta. Dado que possuem compostos que protegem os vasos sanguíneos, a sua ingestão permite-nos reduzir o risco de sofrer de diabetes e promover uma boa saúde ocular. Independentemente destas características especiais, sempre se soube que ao consumir este tipo de legumes (como é o caso do agrião, acelga, espinafres, salsa, couve galega, bróculos, etc,) estamos a consumir minerais e vitaminas essenciais ao bom funcionamento do nosso organismo, que por outras vias dificilmente conseguiríamos obter.
Chá verde
Continuamos no verde. O consumo de chá verde remonta à China onde a sabedoria popular garante que um dia sem chá não é saudável. Os seus benefícios são gerados no combate às digestões difíceis e na capacidade de prevenção de danos celulares, devido à elevada concentração de antioxidantes. Outra das suas funções amplamente estudadas é a capacidade de melhoria generalizada da função cerebral já que a cafeína e a L-teanina (ambas presentes neste tipo de chá), potenciam o seu efeito ao atuarem em conjunto, levando ao aumento da produção do neurotransmissor GABA que possui a capacidade de transmitir uma sensação de relaxamento e bem-estar (associado à produção de dopamina no cérebro).
Tomate
Os níveis de carotenoides na pele deste fruto (sim, o tomate é um fruto!) garantem a proteção das paredes dos vasos sanguíneos, diminuindo o risco de ocorrência de enfarte agudo do miocárdio ou de um acidente vascular cerebral. Outra das suas principais características é que, ao ser ingerido, confere à pele uma capacidade de proteção contra os raios ulta violeta.
Frutos vermelhos
Este tipo de alimento tem sido estudado no âmbito do combate ao cancro e tem demonstrado resultados muito positivos. Pobres em açúcares e com uma composição nutricional equilibrada, mirtilos, morangos, framboesas e amoras, são os principais fornecedores de antioxidantes na natureza, que permitem ao corpo defender-se de agressões celulares causadas por células cancerígenas ou pelo avançar da idade.
Romãs
Este tipo de fruta é poucas vezes consumido devido à complexidade que é descascá-la. Todavia isso não devia constituir um verdadeiro impedimento ao seu consumo, porque as suas propriedades de controlo e prevenção da aterosclerose e da pressão arterial oferecem um benefício superior ao aborrecimento de as descascar. Devido à sua capacidade de reduzir a agregação de plaquetas, chegou-se à conclusão de que um copo de sumo de romã por dia, baixa a pressão arterial em cerca de 12% e reduz em 30% as placas de aterosclerose.
Sementes
Este é o tipo de alimento das dietas da moda e por isso quando se fala no seu consumo regular toda a gente faz um esgar de tédio e de aborrecimento, como quem diz que as sementes são para os pássaros. A verdade é que todo o tipo de sementes têm um qualquer benefício para o nosso organismo, sendo que aquilo que as torna tão especiais é a presença abundante de oligoelementos confinados a um volume e uma massa bastante pequenos, o que leva a uma concentração acima do normal deste tipo de compostos, que para nós são essenciais na recuperação de doenças cancerígenas e no equilíbrio de problemas relacionados com disfunções hormonais.
Leguminosas
Lentilhas, grão-de-bico, ou feijão são boas opções quando se pretende alcançar um baixo índice glicémico e equilibrar os níveis de açúcar no sangue. Como possuem poucas calorias, muita fibra e hidratos de carbono de elevado valor nutricional, nada melhor do que apostar neste tipo de super alimentos para garantir um combate aos diabetes. Por outro lado há uma correlação direta entre o consumo destes alimentos e a proteção no combate aos tipos de cancro que atacam o sistema digestivo (nomeadamente cancro do estômago, faringe, esófago, laringe e renal).
Frutos secos – ricos e energéticos, os frutos secos são o alimento ideal para petiscar entre refeições. Apesar do seu elevado valor calórico, possuem grande quantidade de ácidos gordos, ómega 3 e 6, proteínas, vitaminas, minerais e fibras. Os seus ácidos gordos ajudam a prevenir doenças cardiovasculares uma vez que melhoram a saúde do sistema circulatório ao regular a pressão arterial. Um estudo recente aponta também no sentido de que estes permitem o combate aos diabetes devido à sua capacidade de equilibrarem os níveis de glicose no sangue.
Em resumo, como somos o que comemos, se quiser ser “super saudável” basta comer de forma “super saudável”. Ao ir introduzindo os designados “super alimentos” nos seus hábitos alimentares irá constatar a médio-longo prazo, benefícios inegáveis na sua saúde. Experimente. Dê-lhes uma oportunidade e vai ver que nunca mais vai deixá-los para trás. Somos animais de hábitos, o que é preciso é começar. Por isso, vá para a sua cozinha, faça um chazinho verde, descontraia, e comece a pensar no bem que vai passar a fazer ao seu novo “super eu”.