Com a emergente consciência das problemáticas ambientais muitos têm sido os setores de ação que têm vindo a nascer e que operam nestas áreas, tendo sempre com principal objetivo a tentativa de planear e encontrar soluções adequadas para diferentes problemas ambientais.
Todas as empresas são responsáveis pelos movimentos que o fluxo de dinheiro percorre na economia, sendo através delas que este cria ou perde valor. Desta forma elas constituem-se como as principais entidades responsáveis pelas dinâmicas que existem no mercado, tornando-se necessária a manutenção da sua viabilidade económica e da sua competitividade.
Apesar de conotados como leis aborrecidas que só fazem as empresas aumentar os seus gastos, os Sistemas de Gestão Ambiental estão atualmente a provar a necessidade da sua existência e implementação. Não só apresentam vantagens em termos de proteção do ambiente, como também em termos de redução de custos das próprias empresas.
Na época das chamadas “vacas gordas” não havia uma preocupação com a forma de uso dos recursos pois, havendo dinheiro não havia motivos para pensar em alterar o comportamento organizacional caracterizado por “sempre fizemos assim”. Garrafas de água eram compradas para todos os colaboradores amontoando-se nos gabinetes, resmas de papel eram encomendadas sem a prévia contabilização do que existia em inventário, a utilização dos ares condicionados era feita por longos períodos de tempo e até os desperdícios alimentares das cantinas, quando contabilizados, assustavam aqueles que com recurso a contas de matemática básica viam as toneladas de alimentos a ir de encontro aos caixotes do lixo.
As empresas possuem responsabilidades não só na criação de riqueza, como também na proteção do ambiente, pelo que devem adotar práticas de gestão ambiental que lhes permitam um conhecimento claro dos impactes provocados pelas suas atividades diárias.
Só uma perspetiva de gestão integrada que leve em conta a gestão ambiental proporcionará uma vantagem competitiva às empresas, pois as questões ambientais deixarão de ser um custo, e passarão a constituir-se como um motor de inovação tecnológica e de crescimento económico.
Um Sistema de Gestão Ambiental de uma empresa define-se como a parte do seu sistema global de gestão que permite desenvolver, implementar, rever e manter a política ambiental definida pela empresa. A sua metodologia assenta no processo circular denominado “PDCA – Plan, Do, Check and Act” que consiste em planear todas atividades da empresa de forma a minimizar o seu impacte ambiental, responsabilizar todos os seus elementos pelo seu cumprimento e verificação periódica dos indicadores estabelecidos, bem como a consequente tomada de ação e reestruturação do plano de gestão ambiental, no caso de os valores verificados se encontrarem alterados.
As principais motivações para a implementação de Sistemas de Gestão Ambiental pelas empresas são as exigências não só dos seus clientes – que colocam aos seus fornecedores imposições de índole ambiental que terão obrigatoriamente de satisfazer para que se mantenham as respetivas relações comerciais -, como também dos seus investidores – sendo que as instituições de crédito têm vindo a impor critérios ambientais, beneficiando projetos que acautelem a componente ambiental, em prejuízo daqueles que não o fazem.
Todavia as verdadeiras motivações ainda continuam a ser a necessidade legal da sua implementação, o ecomarketing e a melhoria da imagem da empresa (sobretudo das empresas cujas atividades laborais se constituem classificadas como muito impactantes ao nível do ambiente, como são as de extração de minérios, indústrias petrolíferas, etc.).
Apesar disso as vantagens da implementação de um Sistema de Gestão Ambiental são inegáveis e vão desde a redução de custos para a empresa, devido à redução de gastos desnecessários, às vantagens competitivas, pois as empresas passam a apresentar um certificado em como estão a funcionar sem prejuízo do ambiente, passando ainda pelo aumento da motivação dos trabalhadores, que ao serem responsabilizados pela monitorização da evolução do plano ambiental, se sentem integrados a trabalhar para o bem comum, protegendo o futuro das suas gerações.
Em termos legais a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental é estabelecido pela norma NP EN ISO 14001, e para que esta se possa aplicar é necessário cumprir os seguintes requisitos:
Definição da Política Ambiental
A empresa deve começar por constituir a declaração de intenção da organização quanto ao seu desempenho ambiental, devendo esta ser específica segundo os princípios que regem o Sistema de Gestão Ambiental.
Planeamento e análise dos aspetos ambientais
A empresa deverá definir e analisar todas as suas atividades e consequentes potenciais impactes no ambiente e seus consequentes requisitos legais aplicáveis, elaborar objetivos e metas ambientais assim como os seus requisitos legais e por fim elaborar o programa de gestão ambientaI destinado a atingir os objetivos e metas definidos, que deverá conter as responsabilidades, os meios, os indicadores e os prazos necessários para os alcançar.
Implementação e funcionamento
A empresa deverá disponibilizar todos os recursos, técnicos, humanos e financeiros, de forma a cumprir os princípios definidos na política ambiental e alcançar os objetivos e metas estabelecidos. Neste passo é necessário considerar a elaboração de documentos onde se encontrem explícitos, a estrutura do sistema de gestão ambiental e as responsabilidades, os elementos de formação, sensibilização, competência e ainda de comunicação interna em todos os níveis da organização e externa para as partes interessadas.
Verificação e Correção
A empresa tem que garantir a verificação do Sistema de Gestão Ambiental, pelo que para isso será necessário mobilizar equipas de monitorização e medição das principais características das atividades, produtos ou serviços que possam ter um impacte ambiental significativo, bem como garantir a resolução de não conformidades e tomada de ações corretivas e preventivas.
Revisão pela direção
A gestão de topo da empresa deve responsabilizar-se por rever periodicamente o sistema de gestão ambiental de forma a assegurar que este se mantém adequado e eficaz.
Após a concretização destes passos, que devem ser levados a cabo por Engenheiros capacitados para a tarefa, normalmente Engenheiros do Ambiente ou da Qualidade, a empresa adquire uma garantia pública de que o seu desempenho não entra em conflito com o ambiente, mostrando-se assim aos consumidores como uma organização confiável e com boas práticas de gestão.
Os sistemas de Gestão Ambiental constituem-se assim, como os elos de ligação das atividades das empresas com o meio ambiente do qual dependem, atestando que essa ligação não é de dependência crónica e doentia, mas sim de uma dependência consciente, pensada e sustentável.