Controversa Para Uns, Eficaz Para Outros.
Quem nunca experienciou o instinto de quando se magoa levar as mãos ao local afetado? E quem nunca reparou que tanto os gatos como os cães quando sofrem de alguma contusão ou pancada lambem a área afetada? Para além destes, mais exemplos de que como o toque suaviza o impacto existem. O toque transmite-nos calor, serenidade, cura, podendo até transmitir carinho e amor.
O corpo vivo, de um homem ou de um animal, irradia calor porque é constituído por um aglomerado de átomos que vibram e que por consequência irradiam energia. Ela pode ser libertada sob a forma de calor e é variável de pessoa para pessoa, pois o corpo de cada um tem arranjos de átomos diferentes. É como se todos fossemos feitos de legos… Só que cada um de nós tem um arranjo de legos diferente, daí possuirmos formas, feitios, e personalidades distintas, que nos fazem únicos no mundo. Assim, também a energia que emanamos depende da nossa constituição molecular e atómica.
O Reiki constitui-se como uma prática espiritual criada em 1922 pelo monge budista japonês Mikao Usui que já nessa altura tinha dedicado grande parte do seu tempo a estudar o poder de cura do toque, através da transferência de energia que esse toque permite.
O princípio base do Reiki consiste na crença da existência da energia vital universal “Ki” que pode ser manipulável e canalizada através da imposição das mãos, de forma a restabelecer o equilíbrio natural não só do corpo físico, mas também do espiritual e emocional.
Existem dois ramos de atuação do Reiki, diferindo na sua designação consoante seja o “método tradicional japonês” ou o método “ocidental”. A principal diferença entre eles é que no método ocidental a posição das mãos é pré-definida, enquanto que no método tradicional japonês essa posição é intuitiva.
Tal como muitas práticas espirituais também o Reiki possui princípios orientadores que regem qualquer praticante. São eles:
“Só por hoje não te preocupes
Só por hoje não te aborreças nem te irrites
Só por hoje demonstra gratidão por tudo o que é vivo
Ganha o teu dia honestamente
Honra os teus familiares, mestres e idosos.”
Ao conseguir uma prática diária destes princípios qualquer praticante de Reiki, bem como qualquer um de nós, ficará um pouco mais perto daquilo que muitas filosofias orientais proclamam como ser o auto-conhecimento, que na prática se traduz por uma verdadeira serenidade e calma na sua vida, conseguindo assim alcançar a longo prazo a felicidade.
Para além de princípios, o Reiki possui símbolos que potenciam e magnificam a sua energia. Cada símbolo possui um objetivo específico e surge associado a um mantra que permite um aumento do foco da consciência na altura do seu uso.
Importa notar que o Reiki possui uma hierarquia de três níveis (Primeiro, Segundo e Terceiro Nível-Mestre), sendo que os símbolos apenas são impostos e atribuídos a cada Reikiano a partir do segundo nível.
Os símbolos mais conhecidos e que se referem ao segundo nível são os que se seguem abaixo:
– O primeiro símbolo é o “Cho ku Rei”, que significa “Todo o poder do universo está aqui” e serve para aumentar o poder do Reiki quando está a ser aplicado.
Ilustração 1 – “Cho Ku Rei”
– O segundo símbolo é o “Sei He Ki”, que serve de proteção mental/física/emocional e de purificação de energia.
Ilustração 2- “Sei He Ki”
– O terceiro símbolo é o “Hon Sha Ze Sho Nen”, que elimina a distância física e corporal, permitindo a aplicação de Reiki à distância.
Ilustração 3- ” Hon Sha Ze Sho Nen”
A utilização de qualquer um destes símbolos é apenas baseada no seu desenho com a ajuda das mãos e da recitação em forma de mantra, repetindo 3 vezes, o nome de cada um. Normalmente a utilização de cada símbolo é específica para o seu propósito, mas durante uma sessão de cura de Reiki estes símbolos podem aparecer de forma inconsciente, o que implica que o paciente precisa deles, sendo-lhe então aplicados durante a prática de Reiki.
Apesar de todas as melhorias sentidas pelos praticantes de Reiki e por quem se sujeita a uma sessão, esta terapia ainda não tem a acreditação da comunidade científica o que tem gerado bastante controvérsia. Todavia, a tão ampla utilização desta prática, até já em hospitais em pacientes com doenças oncológicas, despertou os cientistas para estudos mais aprofundados do tema.
Um dos trabalhos muito interessantes dentro desta temática foi o realizado pelo psicobiólogo Ricardo Monezi, da Universidade Federal de São Paulo. Depois da aplicação de Reiki em ratos, procedeu à análise da suas células e concluiu que o seu sistema imunitário se apresentava mais resistente à doença. Esta foi uma das mais polémicas investigações, porque uma das principais conclusões acabava por destruir a ideia de que, funcionando, o Reiki só funciona por placebo, isto porque, de acordo com palavras de Monezi “São bichos. Eles não têm o poder de acreditar ou não em Reiki.” Ainda assim defende que “é óbvio que precisamos de mais informações, porém, ao que tudo indica, a técnica provoca bem-estar em vários níveis.”
Outros cientistas começaram também a abordar o Reiki numa óptica teórica, sobretudo porque acreditam que é o facto de não se entender o processo de transmissão da “energia vital” que mais alimenta a controvérsia. Alguns concluíram preliminarmente que há verdadeiramente uma energia a ser canalizada pelos terapeutas, mas que esta energia tem um tipo específico – é energia electromagnética. Outros porém encontram na física quântica as respostas para a atuação do Reiki, enfatizando que os pontos-chave onde os terapeutas colocam as mãos – os chakras – coincidem com importantes glândulas e que, ao transmitir a energia sobre eles poderão gerar ocasionalmente um equilíbrio geral das mesmas.
Independentemente de todas as abordagens é de destacar que o uso do Reiki nunca deve ser substituto da medicina tradicional, devendo sim complementá-la e existir em paralelo, numa óptica integrativa e de atenuação de sintomas ou melhoria do bem estar geral.
Todos nós procuramos um entendimento sobre o mundo que nos rodeia e não termos provas sobre determinados assuntos deixa-nos impacientes, fazendo-nos optar na maioria das vezes por não sair da nossa zona de conforto e criticar abordagens ditas “alternativas” ou “não convencionais”. Mas se pensarmos um pouco, qual foi a terapia que nunca foi “alternativa”? Até mesmo as terapêuticas que atualmente utilizamos já foram algum dia uma tentativa diferente de abordar um problema da parte de quem as introduziu/descobriu (como por exemplo a penincilina que foi descoberta acidentalmente através do isolamento de um fungo).
Poucas são as coisas que estão provadas em relação ao Reiki, mas uma delas é quase uma verdade dogmática – o Reiki permite-nos o “estar com”. Na nossa sociedade cada vez mais desumanizada onde a tecnologia assume o papel preponderante de cuidadora, o Reiki oferece, nem que por breves momentos, o tempo para estar verdadeiramente com alguém, e é essa a matéria que nos alimenta como seres humanos, independentemente de haver uma transmissão de energia ou não.
O Reiki permite-nos fazer mais por nós, porque alguém perdeu o seu tempo a estar connosco e fazer-nos sentir, mesmo que de uma forma inconsciente, que somos válidos, somos queridos, somos precisos e que tudo vai ficar bem.