O Piracy Shield, uma plataforma antipirataria adotada recentemente pela Itália para combater o uso de IPTV ilegais, como o “pezzotto”, voltou a ser alvo de controvérsia, no início desta semana, o sistema bloqueou o Google Drive por mais de três horas, expondo falhas significativas e levantando preocupações sobre sua eficácia e impacto colateral.
O Piracy Shield foi projetado para bloquear sites e dispositivos que permitem a transmissão ilegal de conteúdo televisivo, especialmente o chamado “pezzotto”, um decodificador que permite acesso ilegal a canais de IPTV, estima-se que cerca de 100 mil famílias italianas utilizem esse dispositivo, o sistema, no entanto, não só se propõe a bloquear a distribuição ilegal, mas também impede o acesso a sites considerados infratores, o que pode levar a consequências inesperadas, como o bloqueio temporário do Google Drive, ocorrido recentemente.
O aumento no uso de serviços ilegais de IPTV, alimentado por uma procura crescente por transmissões gratuitas ou mais baratas, motivou as autoridades a adotarem medidas mais severas, o Piracy Shield visa cortar o acesso a esses serviços de forma rápida, bloqueando IPs em menos de 30 minutos após uma denúncia, no entanto, falhas no sistema permitiram que IPs legítimos também fossem bloqueados, o que gerou polêmica sobre a sua viabilidade. O bloqueio do Google Drive gerou reações de indignação, especialmente por parte de empresas e utilizadores que dependem da plataforma para o trabalho e estudar. Chuveram criticas à implementação amadora do sistema e os “falsos positivos” gerados por ele, de acordo com as autoridades italianas, lideradas pela AGCOM (Autoridade para as Comunicações), o sistema ainda passa por ajustes, entretanto pede-se a suspensão da plataforma até que as suas falhas sejam corrigidas.
Giulia Pastorella, vice-presidente do partido Azione, expressou preocupação sobre a falta de transparência na lista de bloqueios efetuados, mencionando que os utilizadores afetados têm apenas cinco dias para apresentar recurso, o que é insuficiente para muitos. Enquanto isso, o presidente da AGCOM minimizou os problemas, afirmando que as falhas estão sendo resolvidas. Este não é o primeiro escândalo envolvendo o Piracy Shield. Em março, um leak de informações revelou o código-fonte do sistema, expondo problemas graves na sua estrutura e apontando para a sua vulnerabilidade a ataques. A falha mais recente, envolvendo o bloqueio do Google, revela que a plataforma ainda carece de mecanismos robustos para evitar danos colaterais.
O Piracy Shield, embora tenha um objetivo claro e relevante, está a enfrentar uma série de desafios que colocam em xeque a sua eficácia e segurança, enquanto os ajustes prometidos pela AGCOM são aguardados, o futuro do sistema depende da sua capacidade de garantir bloqueios precisos sem afetar serviços legítimos, é sugerida a implementação de um sistema de auditoria e transparência para mitigar os danos causados aos utilizadores legítimos. Espera-se que mais audiências públicas sejam realizadas para discutir as falhas do Piracy Shield e que a plataforma passe por revisões tecnicas para garantir um funcionamento mais seguro, se os problemas persistirem, é possível que o sistema seja temporariamente suspenso.