Espanha enfrenta o primeiro surto de peste suína africana (PSA) em mais de 30 anos, detetado em javalis mortos na Catalunha. Embora a doença não afete humanos, é altamente contagiosa e fatal para suínos, ameaçando um setor que exportou quase 7,5 mil milhões de euros em produtos suínos em 2024.
Já cerca de 20 países suspenderam importações de Espanha, enquanto outros, como China e Reino Unido, restringiram as compras à região de Barcelona. O governo espanhol mobilizou mais de 400 efetivos, incluindo militares e equipas de emergência, para conter a propagação da doença e proteger a economia local.
O que é a Peste Suína Africana?
A peste suína africana (PSA) é uma doença viral que não afeta humanos, mas é extremamente contagiosa e letal para suínos e javalis. A sua deteção em Espanha, após décadas de ausência, representa um sério risco económico, especialmente para a Catalunha, região onde o surto foi identificado pela primeira vez em javalis mortos no Parque Natural de Collserola, perto de Barcelona.
Espanha é o terceiro maior produtor mundial de carne e derivados de porco, exportando anualmente quase três milhões de toneladas para mais de 100 países. Em 2024, as exportações de carne suína espanhola atingiram quase 7,5 mil milhões de euros, sendo a China o principal destino, responsável por cerca de 42% das exportações fora da União Europeia.
Com o surto, cerca de um terço dos países importadores suspenderam as compras de produtos suínos espanhóis, enquanto outros, como China e Reino Unido, optaram por restringir as importações apenas à região afetada. Esta medida já está a afetar a disponibilidade de produtos-chave, como o chouriço espanhol, e a causar quedas históricas nos preços da carne de porco.
As autoridades espanholas e catalãs agiram rapidamente, estabelecendo um perímetro de segurança de 20 quilómetros em torno da zona afetada e mobilizando mais de 400 efetivos, incluindo militares, equipas de emergência e a Equipa de Emergência Veterinária da União Europeia. O objetivo é localizar e remover animais infetados, além de implementar medidas de desinfeção e vigilância rigorosas.
A suspensão de importações por parte de países como México, Canadá e Reino Unido já está a causar prejuízos significativos. O setor suinícola espanhol, que emprega diretamente e indiretamente mais de 20 mil pessoas na Catalunha, enfrenta agora um futuro incerto.
Espanha estava livre de peste suína africana desde 1994, o que lhe permitiu consolidar-se como um dos maiores exportadores mundiais de carne de porco. O surto atual coloca em risco não só a economia local, mas também a reputação do país como fornecedor seguro de produtos suínos.
A recuperação do estatuto de “livre de PSA” pode demorar pelo menos 12 meses após o último caso detetado, o setor terá de lidar com restrições comerciais e uma possível queda na procura internacional. A confiança nos protocolos de biossegurança e na capacidade de contenção do surto será crucial para a recuperação do setor.
As autoridades espanholas e europeias continuam a monitorizar a situação de perto, com o apoio de equipas especializadas e medidas de contenção rigorosas. O sucesso destas ações será determinante para o futuro do setor suinícola espanhol e para a retomada das exportações.
Em momentos de crise, é fundamental lembrar que a resiliência e a cooperação são essenciais para superar desafios. O setor suinícola espanhol já demonstrou capacidade de adaptação no passado, e com o apoio de todos, será possível ultrapassar esta fase difícil e continuar a fornecer produtos de qualidade a nível global.