Milhares de cidadãos têm saído às ruas em várias cidades europeias, como Barcelona e as Ilhas Baleares, em protesto contra o crescente problema do overtourismo. Este fenómeno tem causado saturação de infraestruturas e impactos negativos na qualidade de vida dos residentes.
Nos últimos meses, o turismo de massas tem gerado um clima de insatisfação entre os residentes de diversas cidades europeias, desencadeando protestos significativos, Barcelona tem sido palco de manifestações intensas, com milhares de pessoas a desfilarem pelas ruas em junho e julho de 2024, exigindo medidas urgentes para controlar o fluxo turístico excessivo, as Ilhas Baleares, igualmente afetadas, têm reportado um aumento na frustração dos residentes devido à superlotação e ao impacto ambiental causado pelo turismo descontrolado.
O overtourismo, um termo utilizado para descrever a sobrecarga turística que ultrapassa a capacidade de uma localidade, tem vindo a agravar-se com a recuperação pós-pandémica e a reabertura das fronteiras. Segundo especialistas, a principal causa reside na falta de planeamento e gestão adequados das políticas turísticas, aliada à popularidade crescente de destinos europeus entre turistas globais.
O overtourismo refere-se a uma situação em que um número excessivo de turistas visita um destino popular, resultando em impactos ambientais, económicos e socioculturais negativos. Este turismo excessivo pode causar uma pressão significativa sobre os recursos naturais, poluição e degradação dos habitats naturais, economicamente, pode sobrecarregar as infraestruturas, aumentar os custos para os residentes locais e reduzir os benefícios económicos para a comunidade, socioculturalmente, pode perturbar a vida quotidiana, erodir a cultura local e afetar negativamente a qualidade de vida dos residentes e visitantes.
Os protestos têm chamado a atenção das autoridades locais e internacionais, a organização dos protestos em Barcelona sublinha que a cidade não possui infraestruturas para suportar o volume atual de visitantes, resultando em congestionamentos, aumento do custo de vida e degradação dos espaços públicos, os manifestantes exigem a implementação de limites rígidos no número de turistas, o aumento das taxas turísticas e o desenvolvimento de políticas sustentáveis que favoreçam os residentes.
Nas Ilhas Baleares, a situação é igualmente preocupante, as praias e as áreas naturais estão a ser prejudicadas pela sobrecarga turística, levando a um desgaste ecológico significativo, em resposta, o governo regional tem considerado a introdução de regulamentos mais estritos, incluindo restrições no acesso a áreas protegidas e a promoção de turismo fora da época alta para reduzir a pressão sobre os recursos locais.
O fenómeno do overtourismo não é novo, mas tem-se intensificado nos últimos anos com o aumento do turismo global, as cidades europeias, atraentes pelos seus patrimónios culturais, históricos e naturais, são destinos de eleição, resultando em desafios crescentes para a gestão urbana e ambiental. A pandemia de COVID-19 proporcionou uma breve pausa na pressão turística, mas a retomada das viagens trouxe de volta os problemas anteriores, exacerbados pelo desejo dos turistas de recuperar o tempo perdido.
A pressão sobre as autoridades para agir continuará a crescer, com expectativas de que mais cidades adotem políticas inovadoras para gerir o fluxo turístico, a colaboração entre governos, indústria turística e comunidades locais será crucial para desenvolver estratégias que garantam um futuro mais equilibrado e sustentável para os destinos turísticos na Europa.