Se tem estado a trabalhar remotamente, prepare-se, cada vez mais empresas estão a pedir o regresso ao escritório, gigantes como a JP Morgan Chase e a Amazon já tomaram essa decisão. Mas será que esta mudança tem apenas a ver com produtividade? Ou há algo mais em jogo?
Produtividade ou Controlo?
Com a economia a abrandar, as empresas querem garantir que o desempenho das equipas continua elevado, o analista Josh Bersin explica que muitas organizações estão a investir em inteligência artificial e que gerir projetos desta dimensão pode ser mais difícil com equipas dispersas, a necessidade de coordenação e supervisão direta é vista como crucial para manter os níveis de produtividade.
Mas há outro fator em jogo, o controlo! Atualmente, entre 70% e 80% das grandes empresas nos EUA utilizam tecnologia para monitorizar os funcionários, desde cartões de acesso RFID a apps de GPS e scanners biométricos, a monitorização no local de trabalho está a aumentar, e adivinhe onde é mais fácil controlar tudo isto? No escritório.
Algumas empresas já utilizam sistemas que registam entradas e saídas e até monitorizam deslocações dentro do edifício. Para muitos trabalhadores, isto pode parecer invasivo, mas a tendência está a crescer. A implementação destas tecnologias pode ser vista como uma forma de garantir que os funcionários estão focados e produtivos, mas também levanta questões sobre privacidade e confiança no ambiente de trabalho.
O Trabalho Remoto Tem um Problema Invisível
Trabalhar a partir de casa tem muitas vantagens, como a flexibilidade e a ausência de deslocações diárias. No entanto, há algo que o escritório oferece sem esforço, supervisão e pressão social. Ruslan Leteyski, defensor do trabalho remoto, admite que o ambiente presencial mantém os funcionários mais envolvidos e sob o olhar atento de gestores e colegas.
Há também uma preocupação crescente por parte das empresas, alguns trabalhadores remotos aproveitam a flexibilidade para ter mais do que um emprego. Embora nem sempre seja verdade, essa suspeita tem levado algumas empresas a reforçar a necessidade de regresso ao escritório.
Quem Está Perto, Ganha Mais
Outro fator a considerar é o chamado proximity bias, a tendência dos gestores de favorecer aqueles que estão fisicamente presentes. A jornalista Kirstie McDermott resume bem a questão: “Os melhores projetos e oportunidades acabam por ir para quem os chefes veem sentado à secretária.”
Isto significa que quem opta por continuar em teletrabalho pode ver a sua progressão na empresa comprometida, algumas organizações já tentam combater este viés, criando políticas para garantir igualdade de oportunidades, mas, na prática, a proximidade continua a ser uma vantagem. Para mitigar este efeito, as empresas devem promover uma cultura de inclusão e transparência, garantindo que todos os funcionários, independentemente da sua localização, tenham acesso a oportunidades de crescimento.
A Verdadeira Razão: Cortes de Pessoal?
Há ainda uma explicação menos óbvia, mas que faz sentido, um estudo recente revelou que 25% dos executivos esperam que o regresso ao escritório leve alguns funcionários a pedir demissão, para as empresas, esta pode ser uma forma indireta de reduzir custos sem precisar de recorrer a despedimentos, este método pode ser visto como uma estratégia para “limpar” a folha salarial sem a negatividade associada a despedimentos diretos.
No fim, o verdadeiro desafio não é onde se trabalha, mas sim como se trabalha.