O que é o stress e como lidar com stress?
A associação entre stress e doença é frequente nos dias que correm. Do stress decorre um rol de coisas más como um baixo desempenho profissional, fadiga, tensão, nervosismo, cansaço, bem como falta de paciência e incapacidade de lidar com situações mais complexas. E isto acontece frequentemente à maioria das pessoas. Todavia, estudos demonstram algo extraordinário: a forma como as pessoas encaram o stress é fundamental para as consequências que tipicamente dele decorrem. Assim sendo, se uma pessoa encarar o stress como algo natural e até o conseguir gerir, não irá sofrer tanto as consequências nefastas quando em comparação com alguém que, por exemplo, vive em ansiedade.
O que é o stress?
É importante perceber o que é o stress e como é que ele atua para que se possa compreender como lidar com ele, sobretudo porque nunca irá desaparecer totalmente das nossas vidas. O stress é a resposta dada pelo corpo quando confrontado com uma mudança. Ao reagir de forma imediata e intensa, o stress desencadeia uma resposta corporal que implica a mobilização de recursos no organismo, que lhe permitem gerir e processar de forma autónoma a situação que desencadeou essa resposta. Ou seja, é através do stress que conseguimos lidar com situações com as quais pensávamos não sermos capazes de lidar, e consequentemente fortificar-nos para situações futuras que podem ou não ser similares. De uma forma simples, o stress não é bom nem mau, é apenas o professor que nos prepara de forma autónoma para a adaptação às situações na vida.
Então, se o stress é o responsável pela nossa resposta adaptativa a várias situações, porque atribuímos sempre a conotação negativa a esta resposta do nosso corpo, que ainda por cima existe para nos ajudar e não para ser nefasta? A resposta a esta pergunta é simples, porque ninguém gosta de sentir que não está em controlo do seu próprio corpo, e numa situação de stress muitas são as respostas fisiológicas/cognitivas/comportamentais que se geram automaticamente perante nós e sobre as quais aparentemente não temos controlo, o coração acelera, os suores aparecem, os músculos retesam-se, aumenta a atenção a estímulos exteriores levando à sensação de hiperatenção, o pensamento fica mais rápido do que a própria fala e ainda sentimos a resposta motora de querer fugir do perigo ou lutar contra ele, tudo isto é claramente muito para processar e por isso “panicamos”.
Mais uma vez importa reforçar algo muito importante e que a sociedade (negativista por costume) tende a não ver – a resposta de stress em si não é nociva, e constitui-se como uma reacção adaptativa que permitiu a nossa sobrevivência ao longo dos tempos. Aquilo que realmente deve prender a nossa atenção e fazer-nos repensar o stress, é quando esta reação aparece de forma muito frequente, intensa ou duradoura, produzindo um desgaste ao nível emocional e fisiológico. Aí é importante saber como agir e conseguir fazer o “reset” ao stress nocivo colocando-o a funcionar na sua função de alerta para os verdadeiros perigos, fazendo-o regressar à sua função original.
O primeiro passo para transformar o stress em motivação é compreender que ele pode ser gerado internamente por contacto com múltiplos fatores que se entrecruzam na sua vida, como são os pensamentos, as emoções, os conflitos de agenda, o seu ambiente externo, mas sobretudo decorrem sempre e de forma mais intensa da forma como você lida com os problemas.
A forma como lidamos com os problemas vem de uma matriz psicológica que está em constante mutação, mas cuja maior parte se gera na infância, sendo que muitos dos adultos de hoje em dia espelham as crenças (ainda que de forma inconsciente) que lhes foram passadas em criança, e caso não procurem uma compreensão maior do seu interior podem ser levados a agir em conformidade com algo com o qual até nem se identifiquem, mas que por comodidade integram como seu, por exemplo levando para as suas vidas o stress dos seus pais.
Em adulto há então que perceber que a forma como lida com o stress pode ser mudada, independentemente daquilo que lhe foi transmitido e que sabe até ao momento, o que já de si só é um fator importante para a sensação de que o stress se pode tornar verdadeiramente um fator de motivação e não um fator de resignação.
Como lidar com stress?
Atentemos então a como podemos fazer uma eficaz transformação do stress em motivação e a partir daí mudar toda a nossa vida para melhor:
1. Identifique-se e perceba-se: A gestão do stress começa com a identificação das fontes de stress na sua vida e apesar de parecer fácil não o é. As verdadeiras fontes de stress nem sempre são óbvias e é muito fácil ignorar os próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos indutores de stress. Assim sendo, sente-se confortavelmente e deixe que os pensamentos aflorem à sua ideia. Sinta-os, cumprimente-os e mesmo que sejam aflitivos envie-lhes toda a gratidão que tem no seu coração. Agradeça ao seu cérebro por ser uma parte imprescindível da sua vida e por ele tão delicadamente querer lembrá-lo dos perigos e situações dramáticas da sua vida, mas, não se detenha nisso, continue a observar os seus pensamentos e aceite tudo.
2. Seja o seu melhor amigo e conforte-se: Relembre-se que o stress é necessário, benéfico e que o vai ajudar a lidar com a situação com a qual se deparou, evitando que o corpo sofra um desgaste repentino. O seu corpo é o seu melhor aliado. Ame-o, estime-o e mesmo que ele trema, o enerve ou desgaste, agradeça-lhe sempre porque ele toma sempre a melhor decisão por si. Delegue as funções do corpo ao corpo e agradeça-lhe com a mente a sua dedicação.
3. Aprenda a dizer não: Se você não disser não, o seu corpo dirá por si. Assim sendo conheça os seus limites e tente cumpri-los, quer seja na sua vida pessoal ou profissional, aceite apenas responsabilidades que saiba que consegue cumprir. Diga não quando vir a sua vida caótica antes de se comprometer e tudo irá fluir melhor.
4. Expresse os seus sentimentos: Se algo ou alguém estiver a incomodá-lo verbalize-o de forma assertiva, seja diretamente para com a pessoa ou para si mesmo. Comunicar as suas preocupações de uma forma aberta e respeitosa não faz de si mais fraco, muito pelo contrário. Se você não der atenção à voz dos seus sentimentos, o ressentimento irá crescer e a situação provavelmente permanecerá a mesma.
5. Nutra-se e relaxe: Não tente controlar o incontrolável pois muitas coisas na vida estão para além do nosso controlo, particularmente o comportamento de outras pessoas. Ao invés de ficar completamente stressado por causa delas, foque-se nas coisas que você pode controlar, tal como a maneira que escolhe reagir a problemas. Para além disso prepare tempo para o relaxamento, seja ele obtido através de um sono reparador, seja a usufruir da sua atividade preferida.
Estes são então os 5 passos essenciais para transformar a forma como vê o stress na sua vida e que resultarão consequentemente na observação atenta, calma e clara de que o stress é nada mais nada menos do que o outro lado da motivação.