Conheça O Poder Da Motivação
Facto inegável: nos dias que correm anda tudo com “cara de quem lhes deve e ninguém lhes paga”. E a culpa é de quem? Dizem “eles” que é da crise! Mas dizem “eles” também que é da vida que é uma complicação. Dizem “eles” que é de ser-se adulto e que ser-se adulto é aborrecido, necessário e uma canseira. Se assim é, e se somos todos adultos, andamos necessariamente aborrecidos, cansados e com cara de quem quer delicadamente matar alguém.
Infelizmente a maior parte das pessoas encontra-se rodeada por este tipo de energia negativa, e ainda por cima, como a necessidade supera, na maior parte das vezes, a auto-estima das pessoas, é fácil depararmo-nos com abusos de poder. Hoje em dia ninguém elogia ninguém (de borla!), ninguém se permite a proferir uma palavra amiga e ninguém diz que aquilo que fazemos está bem feito, tudo porque achamos sempre que estamos a competir com o outro e por consequência temos que ser melhores.
Todos sabemos de forma intuitiva que gostamos de ser bem tratados e acarinhados. Culpa de sermos mamíferos ou não, gostamos de uma palmadinha nas costas, de um abraço, de um elogio, enfim, de uma motivação.
Mas o que é a motivação?
A motivação pode ser definida como a força propulsora por trás das ações de qualquer pessoa (motivo, desejo) e que define a conduta do indivíduo.
A motivação é a génese da ação em qualquer ser humano. Desde crianças, que somos motivados pelos pais, numa tentativa de que os seus estímulos permitam uma evolução ao longo da vida, somos motivados por quem nos rodeia, e daí a importância das amizades e de procurar no outro o conforto do ser-se semelhante, e estamos continuamente a ser estimulados por tudo o que nos rodeia, seja de forma profissional, pessoal, emocional ou até abstrata.
A motivação é o estímulo que nos faz superar os dias maus. É aquela certeza interna de que tudo vai ficar bem, mesmo que olhando ao nosso redor só vejamos um aglomerado de coisas más e de pessoas que se despiram da sua humanidade, em prol de uma sociedade mais evoluída (ou pelo menos é o que dizem).
Precisamos de motivação. Todos nós. E tantas são as formas através das quais a podemos obter – o conforto de um abraço, uma música, uma fotografia, um relembrar de uma situação, um filho, uma mãe, um animal de estimação, um objeto com significado, uma visão, um objetivo. A verdade é que tudo pode dar-nos motivação. O problema com que nos deparamos é a nossa não capacidade de receção dessa motivação. Estamos demasiado ocupados, demasiado aborrecidos, demasiado em nós mesmos, demasiado tudo num mundo que não é nada, sem ser o que somos humanamente. Somos na medida do que é humanamente possível e isso é errar também. É permitir deixar o orgulho para trás e assumir, quiçá à nossa fonte de motivação que precisamos dela. A motivação é uma estrada de duas vias que se percorre sempre a meio, sendo impossível escolher de que lado se está, porque ao estar-se motivado estamos aptos a motivar o outro e ao motivarem-nos estamos a ficar motivados e assim por diante. A motivação é uma esfera humana da qual ninguém consegue fugir. A necessidade dela é quase fisiológica, ainda que não pensemos muito sobre isso.
Mas analisemos agora esta questão do ponto de vista de quem já estudou muito sobre o assunto. De acordo com os sociólogos e psicólogos existem três teorias centrais que aprofundam o conceito e que sem as quais não é possível perceber esta força que nos move. São elas “a pirâmide das necessidades”, “a teoria dos dois fatores” e “a teoria da expectativa”.
A “pirâmide das necessidades” foi criada por Abraham Maslow, que defende que todo o indivíduo possui necessidades que obedecem a uma hierarquia de importância dividida em cinco níveis. No primeiro nível encontram-se as necessidades fisiológicas (p.ex comer, dormir, etc.), no segundo nível encontram-se as necessidades de segurança, no terceiro as necessidades sociais (p.ex. sentir-se parte de um grupo), no quarto nível estão às necessidades de auto-estima e, no quinto e último nível, as necessidades de auto-realização. Nesta teoria é afirmado que cada indivíduo trabalha para satisfazer suas necessidades de acordo com tal hierarquia, sendo que um indivíduo só se sentirá motivado a trabalhar para atingir a auto-realização, se tiver conseguido atingir todos os outros níveis de necessidade.
Frederick Herzberg foi o pai da “teoria dos dois fatores” e sugere que existem dois tipos de fatores – fatores de higiene e fatores motivadores – que influenciam a motivação das pessoas. Os designados “fatores de higiene” (constituídos por condições de vida/trabalho, dinheiro, segurança, relações) quando não alcançados, são responsáveis pela desmotivação. Por outro lado, os fatores designados por “motivadores” são o conjunto de fatores que verdadeiramente promovem a ação e são formados pelo trabalho em si, responsabilidade, sensação de realização, reconhecimento e perspetivas de evolução.
Por fim, a “teoria da expectativa” de Vroom veio resumir e somar ambas as teorias anteriores, defendendo que a motivação é composta por duas partes principais: os desejos individuais e as expectativas de alcançá-los. Segundo esta teoria os desejos individuais podem ser classificados de acordo com níveis de importância, representando o quanto aquele desejo pode ou não influenciar a motivação da pessoa, de acordo com a importância que aquilo tem para ela. Contudo esse fator é limitado pelas expectativas de alcançá-lo, pois, para que a pessoa trabalhe com o fim de satisfazer aquele desejo (que tem um alto grau de importância para ela), essa pessoa precisa acreditar que aquilo é possível, caso contrário a probabilidade de concretização diminui substancialmente, bem como a motivação para alcançar novos objetivos.
Teorias e justificações à parte, a motivação é sem dúvida um grande motor de evolução do ser humano que já vem embutido no nosso código genético. Tal como todos os outros animais, também o nosso âmago grita por propagarmos a nossa espécie, ainda que esse grito não se oiça. A motivação é a voz desse grito. É ela que nos permite acreditar que é possível, e por acreditarmos fazemos acontecer. Não é magia, é motivação.