Na vida, o maior objetivo é ser-se feliz. Seja em que cultura for ou que religião se praticar (ou até na ausência dela), quando falamos do propósito maior da vida de alguém, falamos em alcançar a felicidade plena.
Todavia, no mundo atual é muito mais fácil parar para racionalizar do que parar para contemplar, e seja consciente ou inconscientemente, estamos a criar um ponto de entrada para o responsável pela epidemia do século – o stress. Dele dizem-se coisas más sem fim, e atribuem-se-lhe as mais variadas causas de doenças do foro psicológico, psiquiátrico e até cardíaco, porque quando este instinto primordial de sobrevivência (sem o qual não conseguiríamos viver) se descontrola, pode levar a melhor sobre o nosso corpo.
Desde o período em que os efeitos da globalização se começaram a fazer sentir foi possível aceder a diferentes tipos de informação relacionados com o stress e as técnicas usadas para o combater, merecendo entre elas grande destaque, as aulas de yoga e de meditação. Atualmente já são muitos, os estudos conhecidos sobre os seus benefícios no controlo do stress, esse bicho papão que nos leva na maioria das vezes a adoecer sem causa aparente, a deixarmos de conseguir descansar, ou até deixar de comer.
Nos dias que correm podemos facilmente investigar vários tipos de yoga e de meditação, sendo que a meditação de “Mindfulness” tem virado moda, tendo ganho muitos adeptos nos últimos tempos, e é por isso que se lhe vai dedicar especial atenção.
Comecemos pela tradução do nome deste tipo de técnica de meditação. “Mindfulness” significa “atenção plena” e consiste em conseguirmos desenvolver a nossa consciência momento-a-momento. Parece um conceito óbvio e de fácil prática, ou pelo menos intuitivo, mas a verdade é que este tipo de meditação leva tempo, cultiva-se, e só lentamente cresce dentro de nós como um hábito adquirido.
Este tipo de meditação integra várias técnicas com o objetivo de nos permitir a orientação da atenção, de forma intencional, a coisas às quais normalmente não dedicamos muito tempo, ensinando-nos a suspender temporariamente todos os conceitos, imagens, juízos de valor, interpretações, comentários mentais e opiniões, conduzindo assim a mente a uma maior precisão, compreensão, equilíbrio e organização.
Mas praticar Mindfulness não significa eliminar o stress. Significa sim, criar uma consciência de que os fatores de stress estarão sempre presentes na nossa vida, mas mesmo assim conseguir-se na mesma viver a vida de forma equilibrada e saudável, através da adoção de hábitos positivos, construtivos e adaptáveis, que surgem naturalmente com a prática.
Os tipos de exercícios que se congregam neste tipo de meditação são variados e incidem sobretudo em momentos em que o ser humano está a agir de forma perfeitamente mecânica, com o intuito de os tornar verdadeiramente sentidos e apropriados. Existem várias listas de exercícios que podem ser facilmente obtidas através da pesquisa sobre este tema, sendo que os três que serão abaixo apresentados são meramente indicativos e podem ser praticados por qualquer pessoa, sem qualquer contraindicação.
O primeiro exercício recomendado deste tipo de meditação pode ser feito em qualquer lugar e é o que mais força e poder exerce sobre o nosso cérebro: respirar conscientemente. Sim, leu bem, respirar. Sente-se confortavelmente, feche os olhos e comece a consciencializar-se dos movimentos do seu abdómen.
Sinta-os, observe-os fisicamente, e entregue-se a esse exercício por 5 minutos. Sim, só 5 minutos. Durante esse tempo (que no início da prática lhe vai parecer infinito) muitos serão os pensamentos que vão surgir na sua cabeça.
Contemple-os. Não os agarre. Projete-os como se fossem um filme numa tela e veja-os simplesmente a seguirem o seu rumo, não se detendo em nenhum deles. Quando os 5 minutos tiverem passado, abra lentamente os olhos, espreguice-se e siga a sua vida normal. Se o fizer todos os dias, se todos esses 5 minutos forem gastos conscientemente, é garantido que irá sentir melhorias a longo prazo na sua irritabilidade, instabilidade, sono, fome, paciência e sentir-se-á genuinamente mais feliz. Todavia, tal como tudo na vida precisa de tempo para se tornar um hábito, também esta meditação carece de atenção e dedicação para que se torne verdadeiramente eficaz, pois se desistir à primeira dificuldade não conseguirá sentir o efeito a longo prazo deste tipo de técnica.
O segundo exercício é também fácil de fazer sobretudo porque recai num ato tão banal como tomar banho. Quando estiver a tomar banho, ao invés de estar a fazer a lista mental do que tem para fazer nesse dia, comece por inspirar e expirar fundo 3 vezes. Depois, comece a sentir a temperatura da água, sinta o toque das gotas do chuveiro sobre o seu corpo e escorrendo por ele, observe cada sensação e cada movimento realizado.
Neste momento não julgue o que está a fazer ou atribua à temperatura da água uma classificação de boa ou má, simplesmente sinta. Observe-se. Observe o seu corpo, o seu toque, os seus os movimentos verticais ou circulares, a espuma, o cheiro do sabonete e do champô, observe também como durante o banho a sua mente começa a divagar e de cada vez que isso acontecer traga-a gentilmente de regresso ao agora, procurando estar consciente de cada movimento e sensação.
Por fim, o terceiro exercício recai sobre um ato por si só já prazeroso: comer. No momento da sua refeição deixe de lado jornais, revistas ou qualquer coisa que possa desconcentrá-lo, roubando-lhe a atenção. Desligue o computador, a televisão e o rádio. Agora observe tudo, com calma, desde o ato de segurar o garfo e levá-lo à boca, até a todas sensações advindas do ato de comer, o sabor dos alimentos e até a textura. Feche os olhos por breves momentos e deixe deliciar-se pela refeição. Sinta o prazer a encher-lhe o peito e a percorrer o corpo todo. Quando terminar a refeição sinta-se grato pelas sensações e retome a sua atividade normal.
Estes são apenas três exemplos de exercícios de toda uma compilação da meditação de Mindfulness. Apesar de os seus efeitos serem já amplamente provados pela comunidade científica, muitos são ainda os preconceitos das pessoas, que olham para este tipo de abordagens como alternativas esotéricas e balofas, não permitindo abrir as suas mentes à tentativa. Este artigo quer lançar o repto da tentativa, a todos os crentes e não crentes neste tipo de abordagens milenare, que nos ajudam a lidar com o dia-a-dia frenético, isto porque, já que não há efeitos secundários sem ser ficar mais feliz, porque não tentar?
Ficou convencido? É hoje que vai tentar por breves momentos viver no presente?
“Viver no momento presente, estar em contacto com o agora, é a raiz de viver de uma forma bem-sucedida, não existe outro momento para viver. Agora é tudo o que existe, e o futuro é outro momento presente para viver quando chegar ao agora” – Wayne Dyer