Um estudo recente revela que 28,9% dos empregos em Portugal estão em risco de desaparecer devido à automação e à inteligência artificial (IA), enquanto 22,5% das profissões estão posicionadas para crescer com estas tecnologias.
Lisboa lidera na criação de oportunidades digitais, enquanto distritos como Braga e Aveiro enfrentam maior vulnerabilidade, a requalificação da força de trabalho e o investimento em competências interpessoais surgem como prioridades para mitigar impactos negativos.
A digitalização está a reconfigurar o mercado de trabalho português, dividindo as profissões em quatro “terrenos”, em ascensão (alto potencial de sinergia com IA), das máquinas (risco de automação, mas com ganhos de produtividade), dos humanos (baixa exposição tecnológica) e em colapso (alto risco de obsolescência).
O estudo, baseado em dados de 2021, analisou 120 profissões e 3,2 milhões de trabalhadores, destacando disparidades salariais e regionais, enquanto Lisboa concentra 32,8% das “profissões em ascensão” (como especialistas em IA e cientistas de dados), distritos industriais como Braga têm 45,6% dos empregos em setores vulneráveis à automação, como a manufatura.
O estudo alerta para a urgência de políticas públicas que equilibrem a adoção tecnológica com a proteção social. “A requalificação não é opcional: é uma necessidade para evitar exclusão económica”, afirma Hugo Castro Silva, coautor do estudo.
Profissões como vendedores, empregados de mesa e trabalhadores da construção estão entre as mais ameaçadas, com salários médios de 873 euros/mês, contra 1.471 euros nas áreas tecnológicas, já competências como comunicação, criatividade e gestão de informação são as mais valorizadas nas profissões resilientes.
Estimativas anteriores sugeriam que entre 9% e 59% dos empregos poderiam ser automatizados em Portugal, dependendo do setor. O novo estudo confirma que a IA tende a complementar, e não substituir, funções cognitivas, por exemplo, 47% dos trabalhadores já estão expostos a modelos de linguagem como o ChatGPT, com ganhos de produtividade em áreas como consultoria e serviços jurídicos. Contudo, a falta de qualificações digitais em 36% da população adulta preocupa, apenas 45,2% dos jovens entre 25-34 anos têm ensino superior, um avanço face aos 12,8% em 2000, mas insuficiente para a procura futura.
O relatório recomenda a revisão dos currículos académicos, parcerias indústria-universidade e incentivos fiscais para empresas que adotem IA. Para regiões vulneráveis, propõe a criação de polos tecnológicos e programas de requalificação em larga escala. “A chave está em transformar ameaças em oportunidades”, reflete Rui Baptista, coordenador do estudo.
Num mundo em mudança acelerada, a adaptabilidade é a maior competência. Portugal tem, nas suas novas gerações e no potencial de inovação regional, os ingredientes para não apenas sobreviver, mas prosperar na era digital.
Dados baseados no estudo “Automação e Inteligência Artificial no Mercado de Trabalho Português” (FFMS, 2025).
Se o seu emprego está na lista de profissões em risco, como vendas, construção ou serviços repetitivos, a hora de criar um Plano B é agora, a automação e a IA não são apenas ameaças, são também oportunidades para empreender.
Em Portugal, abrir um negócio nunca foi tão ágil, graças a mecanismos como o empresa na hora, que permite formalizar uma sociedade em menos de uma hora.
Seja um e-commerce, um serviço especializado em IA ou um projeto alinhado com as competências do futuro, como consultoria em sustentabilidade ou formação digital, o mercado valoriza quem transforma incertezas em inovação.
Não espere pelo colapso, use a tecnologia a seu favor, capacite-se com formações gratuitas do IEFP e explore financiamentos como o Portugal 2030. Como diz o estudo, adaptar-se não é opcional, é a chave para prosperar.