O Banco de Portugal divulgou recentemente o Relatório dos Sistemas de Pagamentos de 2024, abrindo a porta a dados cruciais sobre a incidência de fraudes em pagamentos eletrónicos no nosso país.
O relatório destaca que, embora os níveis gerais de fraude permaneçam baixos em comparação com a média do Espaço Económico Europeu (EEE), há áreas específicas que exigem atenção redobrada, especialmente para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs).
Em 2024, Portugal registou taxas de fraude inferiores à média do EEE, as transferências a crédito apresentaram 16 operações fraudulentas por milhão, um aumento em relação a 2023 e os cartões, sob a ótica do emitente, registaram 129 fraudes por milhão, uma diminuição face ao ano anterior, os débitos diretos mantiveram-se como o método menos afetado, com apenas 0,4 fraudes por milhão.
O relatório identifica a emissão de ordem de pagamento pelo infrator como o método mais comum de fraude, frequentemente envolvendo malware ou alterações invisíveis ao IBAN, a redução significativa das fraudes por manipulação do ordenante deve-se à implementação da confirmação de beneficiário, no caso dos cartões, o roubo de dados continua a ser predominante, representando 66% das fraudes.
As PMEs são particularmente vulneráveis a fraudes em transferências em lote, especialmente se não utilizarem a confirmação de beneficiário agrupada, campanhas falsas de investimento ou crédito rápido, comuns em redes sociais, também representam um risco significativo.
Os custos das fraudes muitas vezes recaem sobre os utilizadores quando as transações são iniciadas com as suas credenciais, resultando em perdas diretas se os dados de segurança forem partilhados.
A confirmação de beneficiário/devedor é um instrumento crucial na prevenção de fraudes, permitindo a verificação do titular da conta antes da transferência.
Em 2024, este serviço foi utilizado 83,3 milhões de vezes, a versão agrupada, usada 61 mil vezes por empresas, permitiu a validação de 3 milhões de contas, o SPIN, que permite transferências via NIPC para empresas, registou 13 mil registos empresariais.
O total de perdas em fraudes em 2024 ascendeu a 8,9 milhões de euros.
O valor médio por fraude variou significativamente entre os diferentes métodos de pagamento:
Cartões: 58€
Transferências a crédito: 3.118€
Débitos diretos: 493€
Foram reportados 36 incidentes operacionais e de segurança, o mínimo em cinco anos, afetando 2,8 milhões de utilizadores e 965 milhões de euros em transações.
Os serviços de homebanking e mobile banking foram os mais impactados.
A autenticação forte do cliente (SCA) tem sido eficaz na redução de fraudes em cartões, fraudes persistem mesmo com SCA nas transferências, devido a técnicas de engenharia social.
O Banco de Portugal tem investido em campanhas de sensibilização para alertar sobre ofertas falsas de emprego, grupos de chat fraudulentos e taxas falsas com promessa de retorno.
O Relatório dos Sistemas de Pagamentos de 2024 do Banco de Portugal oferece uma visão sobre o estado das fraudes em pagamentos eletrónicos no nosso país, embora os níveis gerais de fraude sejam baixos, a evolução dos métodos fraudulentos exige vigilância contínua e a adoção de medidas preventivas robustas, especialmente para as PMEs.
Espera-se que as novas regulamentações europeias e as campanhas de sensibilização do Banco de Portugal contribuam para uma redução ainda maior das fraudes, as PMEs devem adotar práticas de segurança reforçadas e utilizar os instrumentos de mitigação disponíveis para protegerem os seus negócios.
Acredito que a justiça e a transparência são fundamentais para uma sociedade equitativa, é encorajador ver o Banco de Portugal a tomar medidas proativas para proteger os consumidores e as empresas, garantindo um ambiente de negócios mais seguro e confiável para todos.
O Relatório dos Sistemas de Pagamentos de 2024 do Banco de Portugal destaca a crescente necessidade de medidas robustas de cibersegurança, especialmente para as Pequenas e Médias Empresas (PMEs), este relatório sublinha a vulnerabilidade das PMEs a fraudes em transferências em lote e campanhas falsas de investimento, reforçando a importância do nosso artigo sobre o Plano de Cibersegurança para Pequenas Empresas.