Por certo, o termo “fake news” já faz parte do seu vocabulário diário, não é verdade? Parece que este termo passou a ser corriqueiro e infiltrou-se na nossa vida, desde das conversas na empresa até às discussões em família. O termo “fake news” é colado ao crescimento das redes sociais. No entanto, permita-me desafiar essa noção comum, será que este fenómeno de “fake news” é realmente tão recente quanto pensamos?
Convido-o a embarcar numa pequena viagem no tempo comigo. Vamos tentar explorar os meandros da história e descobrir que, surpreendentemente, as “fake news” não são um produto exclusivo do mundo das redes sociais e do online. Na verdade, as “fake news” são tão antigas quanto a própria arte de contar histórias. Prepare-se para uma revelação que poderá mudar a sua perspectiva sobre este tema tão atual e relevante, especialmente para nós, gestores de PMEs e empreendedores, que navegamos diariamente num oceano de informações. Vamos juntos desvendar este mistério e perceber como as lições do passado podem ajudar-nos a enfrentar os desafios do presente. Está pronto? Vamos lá!
O que são realmente as fake news?
Imagine que está no seu escritório a ler as notícias e, de repente, depara-se com um título sensacionalista: “Cientistas descobrem que o café aumenta a produtividade em 200%!” Você, como bom gestor, corre para comprar uma máquina de café topo de gama. Mas, ops! Era fake news! As fake news são notícias fabricadas com o único propósito de atrair cliques e gerar receitas. São como aquele vendedor que promete o mundo e acaba por entregar uma caixa vazia.
As fake news nos tempos dos nossos bisavós
Em 1672, Inglaterra, Carlos II emite uma proclamação “para restringir a difusão de notícias falsas” que estavam a ajudar a “alimentar a inveja nas mentes de todos os bons súbditos de Sua Majestade”.
Agora, pense que está em 1835. O jornal “The Sun” (de Nova Iorque) publica uma série de artigos sobre a descoberta de vida na Lua.
Cidades lunares, unicórnios voadores, homens-morcego – tudo está lá! A série de artigos conhecido como “Great Moon Hoax”, referido também como “Great Moon Hoax of 1835”, foi uma série de seis artigos publicados no Jornal de Nova Iorque – The Sun, em agosto de 1835, sobre uma suposta descoberta de vida e civilização na Lua. As vendas do jornal dispararam. Só havia um pequeno problema, era tudo invenção! Como vê, as fake news já andavam por aí muito antes do Facebook ou do Twitter.
Quando a guerra e a política deram as mãos às notícias falsas
Em 1924, quatro dias antes de uma eleição geral, o Daily Mail publicou a carta falsa de Zinoviev, uma suposta diretiva de Moscovo dirigida aos comunistas britânicos para que mobilizassem “forças simpáticas” no Partido Trabalhista; os trabalhistas perderam as eleições por uma enorme diferença. E durante a Primeira Guerra Mundial? Os jornais britânicos espalhavam histórias falsas sobre as atrocidades alemãs. Em 2003, no período que antecedeu a guerra do Iraque, artigos sobre as inexistentes armas de destruição maciça de Saddam Hussein encheram as páginas dos jornais de todo o mundo. As fake news não eram apenas para vender jornais, mas também para manipular a opinião pública em tempos de crise.
O papel das redes sociais na evolução das fake news
Voltemos ao presente. As redes sociais são como um megafone para as fake news. Aquela notícia falsa sobre o café? Em segundos, está no telemóvel de milhões de pessoas, é como se as fake news tivessem ganho asas e agora voassem à velocidade da luz, antes, uma notícia falsa demorava dias a espalhar-se, agora, é numa questão de minutos, ou até mesmo segundos.
O impacto das fake news nas PMEs
E você, gestor de uma PME, o que tem a ver com isto? Muito! Imagine que uma fake news sobre a sua empresa se espalha, “Empresa local usa materiais tóxicos nos seus produtos!” O seu telemóvel não para de tocar, os clientes fogem, e o seu sonho de negócio desmorona-se. As fake news podem destruir reputações num piscar de olhos, por isso, estar informado e ser crítico é mais do que uma boa prática – é uma questão de sobrevivência empresarial.
As fake news são como aquele velho truque de magia – sempre estiveram por aí, mas agora têm um novo chapéu. A tecnologia deu-lhes superpoderes, tornando-as mais rápidas e mais perigosas. Então, o que podemos fazer? Como podemos proteger as nossas PMEs deste tsunami de desinformação? A resposta está em si. Será que conseguimos criar uma cultura de verificação de factos na nossa empresa? Podemos educar os nossos colaboradores para serem consumidores críticos de informação? E se transformássemos a nossa PME num farol de verdade num mar de fake news?
Para aprofundar este tema fascinante, recomendo a leitura do livro “Factfulness: Ten Reasons We’re Wrong About the World – and Why Things Are Better Than You Think“, de Hans Rosling. Este livro não é sobre fake news per se, mas ensina-nos a identificar os nossos próprios preconceitos e a basear as nossas decisões em factos, não em medos ou suposições. É uma leitura essencial para qualquer gestor que queira navegar com sucesso neste mundo de informação e desinformação. Boa leitura e lembre-se: na era das fake news, a verdade é o seu melhor ativo!