Um relatório recente da WTW indica que as empresas em Portugal deverão adotar uma abordagem mais conservadora nos aumentos salariais para 2025. Após um ano de maior pressão inflacionária, as previsões apontam para um abrandamento nos ajustes salariais, refletindo uma contenção nos orçamentos das empresas. Esta tendência pode influenciar o poder de compra dos trabalhadores e impactar a economia nacional nos próximos anos.
De acordo com o estudo da WTW, as empresas em Portugal planeiam abrandar os aumentos salariais em 2025, em contraste com as correções mais expressivas ocorridas em 2023 e 2024. Após um período de forte pressão inflacionária, que forçou as empresas a ajustarem os salários para acompanhar o aumento do custo de vida, a expectativa para o próximo ano é de uma contenção mais acentuada nos orçamentos destinados à remuneração dos trabalhadores.
O relatório refere que esta tendência se deve, em parte, à melhoria gradual da inflação, que reduz a necessidade de grandes ajustes salariais, mas também a um ambiente económico mais incerto, no qual as empresas procuram manter margens financeiras saudáveis e evitar comprometer a sua sustentabilidade financeira a longo prazo.
A mudança para uma política salarial mais conservadora pode ter efeitos adversos para os trabalhadores, especialmente num contexto em que o poder de compra já foi significativamente afetado pela inflação. A contenção nos aumentos salariais poderá agravar as dificuldades financeiras das famílias portuguesas, caso o custo de vida continue elevado.
A nível político, este abrandamento poderá reacender o debate sobre o salário mínimo nacional e as medidas necessárias para proteger os trabalhadores mais vulneráveis. Há ainda a possibilidade de sindicatos e outras entidades laborais pressionarem por negociações coletivas mais robustas, com o objetivo de garantir que os aumentos salariais não fiquem aquém das necessidades reais.
Segundo o relatório da WTW, “as empresas em Portugal estão a adotar uma posição mais cautelosa relativamente ao futuro, o que reflete um ajuste estratégico face às incertezas económicas”. Esta postura, embora necessária para garantir a estabilidade empresarial, levanta preocupações sobre o impacto nos trabalhadores e na economia como um todo.
Nos últimos anos, os aumentos salariais em Portugal foram impulsionados por uma inflação crescente, que atingiu picos históricos, forçando as empresas a ajustarem as remunerações para evitar a perda de talento e garantir a competitividade no mercado. Contudo, com a previsão de estabilização da inflação e de uma economia global menos volátil, a necessidade de aumentos significativos parece diminuir.
Ainda assim, este abrandamento pode ter consequências no médio prazo. Se os salários não acompanharem adequadamente o custo de vida, a recuperação do poder de compra dos portugueses poderá ser mais lenta, o que poderá resultar num consumo mais retraído e numa desaceleração do crescimento económico.
Os próximos meses serão cruciais para perceber como esta abordagem se traduzirá em termos de negociações laborais e políticas públicas. As empresas e os trabalhadores terão de encontrar um equilíbrio entre a sustentabilidade financeira e a manutenção do poder de compra.