Um relatório recente da OCDE revela que a digitalização está profundamente enraizada na vida das crianças, com quase 100% de acesso a smartphones e outros dispositivos digitais a partir dos 10 anos, o estudo destaca tanto as oportunidades quanto os riscos associados ao uso excessivo de ecrãs, cyberbullying e impactos na saúde mental. A OCDE defende uma resposta coordenada, centrada nos direitos da criança, envolvendo escolas, pais, governos e as próprias crianças.
Em 2021, 93% das crianças à volta dos 10 anos já tinham algum contacto com a Internet, uma percentagem que aumentou significativamente em comparação com anos anteriores, a digitalização oferece oportunidades para aprendizagem, criatividade e ligação social, mas também apresenta riscos significativos, como excesso de tempo de ecrã, cyberbullying e impacto na saúde mental.
O relatório da OCDE, “Como é a vida das crianças na era digital?“, examina as oportunidades e os riscos associados à crescente imersão das crianças no mundo digital, o objetivo é promover o bem-estar das crianças através de estratégias e abordagens coordenadas que envolvam toda a sociedade.
O relatório da OCDE destaca a necessidade de uma abordagem integrada e abrangente para a educação e formação profissional, que responda às necessidades imediatas e desafios futuros, é essencial envolver escolas, pais, governos e as próprias crianças para enfrentar os desafios da era digital.
A digitalização tem impactos mistos, variando entre positivos, como aprendizagem e criatividade, e negativos, como dependência e ansiedade, o relatório enfatiza a importância de políticas eficazes que envolvam educação, saúde, justiça, tecnologia e famílias, com foco em segurança desde o design.
Crianças interagem com tecnologia desde os 2 anos, e aos 5 anos, 83% já usam dispositivos digitais semanalmente, o uso excessivo de ecrãs é comum, com mais de 60% dos jovens a usar dispositivos por mais de 2 horas por dia só para lazer, ultrapassando recomendações de saúde.
O relatório da OCDE indica que o tipo de atividade digital importa, usar para aprender ou criar conteúdo está associado a efeitos benéficos, enquanto o uso passivo e intensivo está ligado a efeitos negativos. Crianças mais vulneráveis no mundo offline são também mais vulneráveis online. As meninas tendem a ser mais afetadas negativamente por redes sociais, enquanto os rapazes apresentam maior risco de uso problemático de videojogos.
O relatório da OCDE destaca a necessidade de uma resposta coordenada e centrada nos direitos da criança para enfrentar os desafios da era digital, é essencial envolver escolas, pais, governos e as próprias crianças para promover o bem-estar e a segurança online.
É recomendado que as escolas ensinem literacia digital e cidadania online, e que os professores recebam formação adequada. Pais devem ser apoiados com orientações claras sobre práticas saudáveis, a participação das crianças nas políticas digitais é essencial, respeitando o seu desejo de proteção sem exclusão.
A digitalização oferece oportunidades incríveis para as crianças, mas é crucial que todos nós, como sociedade, trabalhemos juntos para garantir que essas oportunidades sejam aproveitadas de forma segura e saudável.
Digitalização e Bem-Estar das Crianças
1) A que idade as crianças começam a usar dispositivos digitais com regularidade?
As crianças começam a interagir com tecnologia desde os 2 anos, e aos 5 anos, 83% já usam dispositivos digitais semanalmente, com 42% utilizando-os diariamente.
2) O que é que as crianças dizem sobre as suas experiências online? Sentem-se seguras? Protegidas?
Muitas crianças reportam experiências negativas online: 36% ficaram chateadas com conteúdo inadequado, 42% com mensagens ofensivas e quase 40% viram dados pessoais partilhados sem consentimento, indicando que nem sempre se sentem protegidas.
3) Porque é que as raparigas parecem sofrer mais com redes sociais, e os rapazes com videojogos?
Raparigas sofrem mais com redes sociais devido à comparação social e exposição a imagens idealizadas. Rapazes têm maior risco com videojogos intensivos, impulsionados por prémios imprevisíveis e mecânicas de recompensas que reforçam sessões prolongadas.
4) O que acontece nas escolas que proíbem telemóveis? Os resultados melhoram mesmo?
Proibir telemóveis em aulas reduz distrações, mas as evidências sobre melhoria de notas e bem-estar são mistas: alguns estudos mostram ganhos, enquanto outros revelam ansiedade e nenhum efeito claro em bullying.
5) Os pais conseguem controlar o que os filhos veem? Ou estão a perder o controlo?
Pais dispõem de controlos parentais, mas enfrentam desafios: estes podem dar uma falsa sensação de segurança e alimentar conflitos, enquanto muitos cuidadores sentem-se sem conhecimento ou recursos para gerir eficazmente o uso digital dos filhos.
6) O que devem os governos fazer para proteger melhor as crianças online?
Governos devem criar leis e normas obrigatórias para plataformas, incluindo limites de idade, filtragem de conteúdo, definições de privacidade predefinidas, mecanismos de denúncia acessíveis e co-regulação entre ministérios, tecnologia, educação e ONGs.