Indicadores de Confiança dos Consumidores Aumentam e Clima Económico Diminui em Junho de 2024
Em junho de 2024, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou os resultados dos Inquéritos Qualitativos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores, revelando uma dualidade no panorama económico português. Enquanto o Indicador de Confiança dos Consumidores mostrou um aumento, o Indicador de Clima Económico apresentou uma diminuição.
Os indicadores de confiança setorial, incluindo os da Indústria Transformadora, Comércio, Construção e Obras Públicas, e Serviços, foram meticulosamente analisados com base nas respostas relativas à carteira de encomendas ou procura atual. Estes indicadores são cruciais para entender a percepção e expectativas dos agentes económicos em diferentes setores da economia.
O Indicador de Clima Económico, calculado a partir das respostas extremas dos inquéritos qualitativos em diversos setores, apresentou uma queda em junho de 2024. Este indicador é uma média ponderada dos saldos das respostas, refletindo o grau de otimismo ou pessimismo das empresas sobre a situação económica atual e futura. A descida deste indicador sugere um aumento do pessimismo entre os empresários sobre a situação económica.
A evolução dos preços de venda e a atividade das empresas nos últimos três meses foram outro ponto focal do relatório. Na Indústria Transformadora, houve uma estabilização dos preços de venda, embora a atividade tenha registado uma ligeira retração. No setor da Construção e Obras Públicas, os preços continuaram a subir, refletindo o aumento dos custos dos materiais e mão-de-obra. O Comércio mostrou sinais mistos, com alguns segmentos a reportarem crescimento nas vendas, enquanto outros enfrentaram desafios. Nos Serviços, a recuperação foi mais evidente, com um aumento da atividade económica.
As previsões para os próximos meses apresentam um cenário cauteloso. As empresas da Indústria Transformadora antecipam uma redução ligeira no número de pessoas ao serviço, reflexo de uma procura ainda incerta. No setor da Construção e Obras Públicas, espera-se uma manutenção dos níveis de emprego, apesar das dificuldades nos custos. O Comércio prevê uma ligeira recuperação na procura, enquanto os Serviços permanecem otimistas quanto ao aumento da atividade, impulsionados pela recuperação do turismo e do consumo interno.
A metodologia utilizada nos inquéritos do INE inclui a aplicação de médias móveis para suavizar as séries temporais e a definição do saldo de respostas extremas, o que permite uma análise mais precisa das tendências subjacentes. Este método assegura que os resultados não são distorcidos por variações pontuais, oferecendo uma visão mais clara da evolução económica.
Os resultados destes inquéritos são essenciais para compreender o estado atual e as expectativas dos diferentes sectores da economia portuguesa. O aumento da confiança dos consumidores pode ser interpretado como um sinal positivo, indicando que as famílias estão mais dispostas a gastar, o que pode estimular a economia. No entanto, a diminuição do Indicador de Clima Económico revela preocupações persistentes entre os empresários, possivelmente relacionadas com incertezas políticas, aumento dos custos de produção e condições económicas globais.
Em resumo, o panorama económico português em junho de 2024 é caracterizado por uma dualidade de sentimentos, otimismo cauteloso entre os consumidores e pessimismo crescente entre as empresas. Este contraste sublinha a necessidade de políticas económicas que possam reforçar a confiança empresarial e sustentar o crescimento económico, aproveitando a disposição dos consumidores para gastar. A evolução nos próximos meses dependerá, em grande medida, da capacidade do país para enfrentar os desafios económicos internos e externos, mantendo um equilíbrio entre crescimento e estabilidade.