Saiba como aumentar a inteligência do cerebro com música
Quando pensa em música é inevitável não sentir uma sensação de bem-estar a envolver esse conceito. Seja ela uma balada ou música rock, dependendo do seu gosto a música pode perfeitamente transportá-lo para mundos alternativos onde se sente bem e completo. Na sequência dessas sensações, alguns cientistas começaram a tentar investigar o porquê disso acontecer, bem como o porque de parecer que, na generalidade, pessoas que tinham tido contacto com a música em estágios mais recentes do seu desenvolvimento cognitivo, pareciam ser em média mais inteligentes do que as restantes pessoas em estudo.
Assim sendo, realizaram várias pesquisas que foram conduzidas essencialmente na infância, onde descobriram que a música tinha grande influência no desenvolvimento da inteligência, sensibilidade e linguagem, devido ao estímulo de determinados percursos neuronais no cérebro. Dado que as fibras nervosas capazes de ativar o cérebro têm de ser construídas, as primeiras experiências da vida são tão importantes que mudam por completo a maneira como as pessoas se desenvolvem, isto é, o cérebro precisa de estímulos e a música é um dos mais potentes para ativar os seus circuitos.
A musicalidade entre outras competências depende de circuitos que são ligados logo na primeira infância, época em que a criança aprende a aprender, mas o tempo e o ritmo de aprendizagem é essencial.
A música carrega em si memórias e emoções e está profundamente entranhada na nossa experiência íntima, tendo sido concluído que nenhuma cultura se conseguiu desenvolver sem música. A necessidade instintiva de percecionar os ritmos, de entender os compassos, ajuda o ser humano a experienciar não só o seu mundo externo como o seu próprio mundo (o mundo dos sentimentos) permitindo projetar-se para fora, ao mesmo tempo que se projeta e muda internamente.
Diversos estudos recentes demonstram que o cérebro é esculpido pela estimulação que lhe damos, e a música é um desses tipos de estimulação (com efeitos positivos) que lhe podemos dar. As mudanças cerebrais causadas pela música são muito específicas, e relacionam-se com capacidades cognitivas ao nível da linguagem e perceção espacial. É importante corrigir também conclusões erróneas como “ouvir Mozart na infância gera ganhos cognitivos”, passando a ter consciência de que “ouvir Mozart na infância faz com que seja mais provável gostar de Mozart na idade adulta, mas isso não traz necessariamente outros ganhos cognitivos automáticos. O que acontece é que independentemente do tipo de música que a criança oiça, é a música por si só, e não o tipo, que irá determinar e potenciar o desenvolvimento cerebral nas vertentes já referidas.
Ainda assim não é só ouvir e estudar música que resulta em diferenças relevantes em vários tipos de cérebro. O tipo de aprendizagem importa. Como exemplos temos que uma experiência com violinistas e trompetistas mostrou que a ativação do córtex auditivo é maior, quando estes ouvem os seus respetivos instrumentos. Por outro lado outra pesquisa indica que, crianças chinesas têm maior oportunidade de possuir ouvido absoluto (que significa identificar automaticamente a altura de qualquer nota), porque crescem a ouvir mandarim, que é uma língua com grandes variações tonais.
Mas afinal como é que sentimos a música e como é que ela “entra” diretamente no nosso cérebro para operar estas maravilhas?
Após o som da música ser transmitido por moléculas através do ar, este chega ao tímpano que se agita para dentro ou para fora, conforme a amplitude, o volume e a altura do som que recebe. Nesse estágio, o cérebro recebe apenas uma informação incompleta, sem entender a que é que pertence esse som, sendo que o resultado final é apenas descodificado pelo cérebro quando este projeta uma imagem mental do mundo físico gerado a partir de uma longa cadeia de eventos mentais.
O primeiro processo dessa cadeia de perceção é “definição de características”, e que consiste na perceção das características básicas da música, decompondo o som em elementos básicos como altura, timbre, localização no espaço, intensidade, etc., em diferenciadas partes periféricas do cérebro. O segundo passo ocorre nas partes superiores cerebrais, quando é preciso integrar em eventos essas informações de forma a obter uma perceção completa. É o momento em que a música é percecionada como um todo e sentimos a melodia, a letra e a sensação que nos causa.
Em resumo, ouvimos a música depois de uma composição de duas fases que nos permite associar a música à panóplia de experiências vivenciadas que existem em arquivo no cérebro, tornando por isso a sensação de experiência musical um processo de pura inferência e conexão de redes e caminhos neuronais.
De uma forma geral pode afirmar-se que a atividade musical envolve quase todas as regiões do cérebro e os subsistemas neurais. Senão vejamos:
Quando uma música nos emociona, são ativadas estruturas que estão associadas às regiões instintivas do verme cerebelar (estrutura do cerebelo que rege a produção e libertação ao longo do tronco cerebral dos neurotransmissores dopamina e noradrenalina), e da amígdala (principal área do processamento emocional no córtex). Por outro lado na leitura musical, o córtex visual é a área mais utilizada, enquanto que o simples ato de acompanhar uma música é capaz de ativar o hipocampo (responsável pelas memórias) e o córtex frontal inferior. Por outro lado, se estivermos a considerar as áreas ativadas pela execução de música, temos como protagonistas os lobos frontais – o córtex motor e sensorial.
Em resumo, a música é uma excelente maneira de trabalhar o nosso cérebro e treiná-lo de forma regular, permitindo adaptações e melhorias às nossas habituais formas de fazer as coisas. Agora que já sabe que a música é um estímulo de crescimento e desenvolvimento de áreas cerebrais lembre-se que não é só a fazer quebra-cabeças que desenvolve as suas capacidades, dançar ao som de uma música que o emocione funciona também muito muito bem. Agarre o próximo “hit” e descontraidamente deixe o seu verme cerebelar e amígdala fazer o resto e dar-lhe a sensação de bem-estar e relaxamento que tantas vezes necessita durante o dia.