A população de animais de estimação na China está prestes a ultrapassar o número de crianças pequenas, refletindo uma mudança significativa nas preferências e valores da geração mais jovem do país.
A China enfrenta uma crise demográfica sem precedentes, com uma população a envelhecer rapidamente e uma força de trabalho em declínio, após décadas de política de um filho único, o país agora incentiva os casais a terem até três filhos, no entanto, os jovens chineses mostram-se cada vez mais relutantes em constituir família, optando muitas vezes por se tornarem “pais de animais de estimação”.
Segundo um relatório recente do Goldman Sachs, até 2030:
- A população urbana de animais de estimação na China deverá atingir mais de 70 milhões
- O número de crianças com 4 anos ou menos deverá diminuir para menos de 40 milhões
- O mercado de alimentos para animais de estimação poderá crescer para uma indústria de 12 mil milhões de dólares
Esta tendência reflete uma mudança significativa desde 2017, quando havia 90 milhões de crianças com 4 anos ou menos, em comparação com uma população urbana de animais de estimação de cerca de 40 milhões.
A analista da Goldman Sachs, Valerie Zhou, afirma: “Esperamos ver um impulso mais forte na posse de animais de estimação face a uma perspetiva de taxa de natalidade relativamente mais fraca e uma maior penetração incremental de animais de estimação nos agregados familiares da geração mais jovem”.
Esta mudança de preferências tem implicações significativas para a economia e a sociedade chinesas:
- Crescimento do mercado de produtos e serviços para animais de estimação
- Potencial agravamento do declínio demográfico
- Alterações nas estruturas familiares tradicionais
A tendência para a posse de animais de estimação em detrimento da parentalidade reflete desafios sociais e económicos mais amplos:
- Custos elevados de criar filhos na China
- Incerteza económica e elevado desemprego jovem
- Mudança de valores e prioridades entre as gerações mais jovens
Embora o governo chinês esteja a oferecer incentivos para promover a parentalidade, incluindo subsídios e licenças parentais mais longas, estas medidas parecem ter um efeito limitado até ao momento, a preferência por animais de estimação em vez de filhos não é exclusiva da China. Países como o Japão já experimentam tendências semelhares, com uma população de animais de estimação quase quatro vezes superior à de crianças pequenas, à medida que esta tendência se desenvolve, é provável que vejamos mais adaptações na economia e nas políticas sociais da China para lidar com as mudanças demográficas em curso e o crescente mercado de produtos e serviços para animais de estimação.