No coração de Estocolmo, sob um céu que parecia tão incerto quanto as negociações que se desenrolavam, representantes comerciais da China e dos Estados Unidos reuniram-se por dois dias. O objetivo? Evitar que as tarifas entre as duas maiores economias do mundo voltassem a níveis estratosféricos, capazes de sufocar o comércio global. Mas, como muitas vezes acontece na diplomacia, o resultado foi mais uma promessa do que uma solução concreta.
A partir de 12 de agosto, se nada for feito, os Estados Unidos e a China estarão novamente impondo tarifas históricas um sobre o outro. Imagine, por um momento, que cada produto que atravessa o oceano entre esses dois gigantes econômicos carrega consigo um imposto tão alto que se torna quase proibitivo. Foi isso que aconteceu no passado, e é isso que pode voltar a acontecer.
Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos EUA, e Jamieson Greer, Representante Comercial dos Estados Unidos, descreveram as negociações como “construtivas”. Ou seja não há um acordo concreto, mas há uma esperança de que algo possa ser alcançado. “As reuniões foram muito produtivas”, disse Bessent. “Ainda não recebemos a aprovação final.”
Tudo agora depende de uma decisão do Presidente Donald Trump. Ele é quem tem a palavra final sobre se as tarifas serão suspensas novamente ou se voltaremos a um cenário de guerra comercial. Trump, nas suas declarações, parece otimista. “Acabei de falar com Scott [Bessent], e ele teve uma reunião muito boa com a China”, disse Trump. “E parece que eles vão informar-me amanhã, e nós vamos aprovar ou não.”
O Que Está em Jogo?
Em maio, a China concordou em reduzir as tarifas sobre produtos americanos de 125% para 10%, enquanto os EUA reduziram suas tarifas sobre produtos chineses de 145% para 30%.
Se um acordo não for alcançado até 12 de agosto, as tarifas sobre produtos chineses enviados para os EUA podem aumentar mais 34%, ainda abaixo do pico de 145%, mas suficiente para causar dor económica significativa.
Um dos principais pontos de discórdia continua a ser o controlo chinês sobre a exportação de minerais raros, essenciais para a fabricação de uma variedade de produtos eletrónicos. Os EUA acusam a China de não cumprir as suas promessas de aumentar o fornecimento desses minerais.
Aá a questão do petróleo russo, os EUA advertiram a China sobre a compra de petróleo sancionado da Rússia, uma medida que poderia resultar em tarifas ainda mais altas sobre produtos chineses.
A administração Trump anunciou acordos comerciais com a União Europeia e outros países, mas os detalhes são escassos e as incertezas, muitas. O que está claro é que o mundo está a assistir a um jogo de xadrez económico onde cada movimento pode ter consequências globais.
Há verdades que só se revelam a quem escuta com o peito aberto, neste caso, a verdade é que a incerteza reina, e o mundo aguarda, com o coração aberto, mas também com os olhos bem abertos.