A segunda maior economia do mundo encontra-se numa encruzilhada preocupante, a Fitch Ratings lançou hoje um alerta sobre o risco iminente de uma espiral deflacionária na China, mesmo após as recentes tentativas de Pequim em estimular a economia através de medidas fiscais e monetárias. Este cenário levanta questões profundas sobre a estabilidade económica global e as repercussões potenciais para os mercados internacionais.
Os números são reveladores de uma economia em desaceleração, o índice de preços ao consumidor registou um tímido aumento de 0,4% em setembro, enquanto a inflação subjacente – excluindo alimentos e energia – mal atingiu os 0,1%. Mais alarmante ainda é a queda de 2,8% no índice de preços ao produtor (PPI), um indicador que permanece em território negativo desde 2022.
O mercado laboral chinês apresenta sinais igualmente preocupantes, pela primeira vez em mais de duas décadas, desde 2000, os custos unitários do trabalho diminuíram em 2023, este facto, combinado com o excesso de oferta no mercado, sugere uma significativa folga na economia que poderá ter consequências duradouras. A fragilidade da procura interna e o abrandamento persistente do sector imobiliário constituem desafios estruturais que as autoridades chinesas tentam combater. Pequim já implementou medidas de estímulo, incluindo reduções nas taxas de juro e injeções de liquidez no mercado, mas a eficácia destas intervenções permanece questionável.
O panorama internacional adiciona uma camada extra de complexidade. Enquanto as despesas de capital aumentam nos sectores orientados para a exportação, os parceiros comerciais da China levantam acusações de ‘dumping’, uma prática que consiste na venda de produtos abaixo do custo de produção. Esta situação está a provocar uma escalada de medidas protecionistas que poderão prejudicar ainda mais as relações comerciais globais.
A convergência destes factores – deflação, procura interna débil, excesso de oferta e tensões comerciais – sugere que a China enfrenta um dos seus maiores desafios económicos das últimas décadas. A forma como Pequim navegará estas águas turbulentas terá, inevitavelmente, repercussões significativas para a economia global.