Com o aumento das rendas a pressionar os orçamentos familiares, cada vez mais portugueses recorrem ao crédito pessoal para conseguir pagar despesas básicas como habitação e alimentação, 75% das famílias que se encontram em dificuldades têm pelo menos um membro empregado, evidenciando a gravidade da crise económica atual.
Nos últimos meses, o aumento do valor das rendas em Portugal tem empurrado muitas famílias para situações de endividamento, forçando-as a recorrer ao crédito pessoal para cobrir despesas essenciais, como a habitação, a tendência de aumento do valor das rendas em áreas urbanas, aliada à inflação dos preços dos bens de consumo, coloca em risco a estabilidade financeira de muitos agregados familiares, dados recentes apontam que o crédito pessoal tem sido utilizado como uma alternativa pelas famílias que, mesmo com membros empregados, já não conseguem suportar o custo de vida sem recorrer a empréstimos. A Associação de Defesa do Consumidor revelou que 75% das famílias que pedem apoio enfrentam dificuldades financeiras, apesar de estarem empregadas, mesmo com rendimentos estáveis, muitos portugueses veem-se incapazes de cobrir as suas necessidades básicas devido ao aumento desproporcional do custo de vida, sobretudo no que diz respeito à habitação e à alimentação.
As consequências deste fenómeno são profundas, o endividamento crescente não só agrava a situação económica das famílias, como também coloca pressão sobre o sistema bancário e as instituições de apoio, a situação é particularmente grave nas cidades como Lisboa e Porto, onde os aumentos das rendas têm sido mais expressivos, começam a soar alarmes para um possível efeito de bola de neve, onde o recurso ao crédito pessoal pode levar muitas famílias a situações de incumprimento e endividamento crónico. A situação está a ter um impacto significativo também na saúde mental das famílias, o stress financeiro é uma das principais causas de ansiedade e depressão entre os portugueses, especialmente entre aqueles que se veem forçados a recorrer a soluções de crédito como último recurso.
Este cenário de endividamento não surgiu de forma repentina, desde 2020, com o impacto da pandemia de COVID-19, muitas famílias já enfrentavam dificuldades em equilibrar as suas finanças, e o fim de algumas medidas de apoio, como a moratória no pagamento de créditos, somado ao aumento das taxas de juro e ao incremento contínuo dos preços da habitação, criou um ambiente propício para a crise atual. O aumento da inflação global, impulsionado pela guerra na Ucrânia e pela crise energética, tem pressionado ainda mais os orçamentos familiares, especialmente no que toca aos bens essenciais.