O valor de uma empresa / startup pode ser calculado por meio de diversas fórmulas já conhecidas no mercado. Quando realiza-se o valuation de uma startup, geralmente o primeiro item a ser levantado em consideração é o fluxo de caixa. Após seu levantamento, é necessário fazer a análise de outras oportunidades de investimento (bolsa de valores, poupança, renda fixa e etc.) e gerar a taxa de desconto que será aplicada sobre o relatório final. Por fim, de forma mais subjetiva, faz-se a análise do número de clientes ativos, inativos e o mercado a ser explorado ainda.
Este processo costuma ser muito utilizado quando um novo investidor vai entrar para a sociedade da empresa ou quando uma empresa é vendida, mas também pode ser aplicado a maioria das startups. No entanto, sua utilização não é aconselhável para algumas startups, as quais podem acabar apresentando um valor muito aquém da realidade. Como forma de exemplificar, vamos utilizar o exemplo do Instagram. No início de 2012, o Instagram possuía 30 milhões de usuários, dos quais 31% nunca haviam postado uma foto no aplicativo e somente 3% o utilizavam diariamente. Mesmo assim, mantendo um servidor com mais de 1 bilhão de fotos armazenadas e nenhuma receita gerada, o Instagram foi vendido para o Facebook pela quantia de 1 bilhão de dólares.
Diversos fatores influenciaram para que o valor de mercado do Instagram fosse este, dentre eles o fator fidelidade, foco deste artigo. O fator fidelidade pode aumentar de forma exponencial o valor de uma startup.
Para valorizar sua startup, você precisa fazer com que seu produto ou serviço tenha muito valor para seu cliente. Fazendo um produto ou serviço essencial para um cliente, dificilmente ele irá abandonar sua empresa ou parar de utilizar seu produto. Desta forma, é só uma questão de tempo para começar a fazer dinheiro com sua base de clientes altamente fiel.
O Dropbox, é um ótimo exemplo de empresa que possui um alto valor para seus clientes. A medida que o usuário começa a armazenar seus arquivos na plataforma do Dropbox, mais valor a plataforma começa a ter. Começamos armazenando fotos, depois vídeos, documentos e quando nos damos conta, já armazenamos backups importantes. Deixar a plataforma, que possui todo o seu backup, passa a ser então uma tarefa muito difícil. O usuário passa a se tornar dependente do produto da empresa.
Um outro caso interessante é o do Evernote. O Evernote é hoje a maior plataforma de anotações no mundo. O usuário ativo, começa a salvar pequenas notas, depois textos maiores, fotos para referências futuras, áudio, vídeo e muito mais. Nos EUA, o Evernote é usado por quase 70% dos universitários como principal plataforma de anotações mobile. E, da mesma forma que o Dropbox, a cada nova anotação, mais difícil é para o usuário abandonar a plataforma depois que começa a usá-la.
Voltando ao Instagram, que citamos mais acima, vemos que o diferencial dele para o Hipstamatic (precursor dos aplicativos com filtro em fotografia) é que o Instagram consegue gerar valor fidelizando os usuários em uma rede social de fotos. O Instagram não é apenas um aplicativo com filtros para fotos. É possível ver as fotos de amigos, comentar, compartilhar, dentre muitas outras funções. Uma vez com um perfil cheio de fotos e contatos de amigos, fica muito difícil abandonar o aplicativo e migrar para outro.
Fidelizar o cliente, torná-lo dependente de seu produto ou serviço é, para mim, o fator mais importante para gerar valor para uma startup. Uma vez que você tem uma base fiel de usuários, monetizar fica muito mais fácil para o empreendedor. E este fator deve sempre ser levado em conta no momento de uma valuation de uma startup.