A Arte da Arquitetura de Informação na Web, como uma boa estrutura pode transformar o seu site de um quebra-cabeças frustrante numa jornada intuitiva.
Vamos por momentos imaginar entrar num prédio onde as escadas levam-no a lado nenhum, as portas abrem para paredes e os corredores formam um labirinto sem qualquer objectivo, nem fim! Não faz qualquer sentido, não é verdade? É assim que muitos utilizadores se sentem ao navegar em websites mal estruturados, a arquitetura de informação é o equivalente a um projeto bem pensado de um prédio, é a diferença entre um site que faz os seus visitantes quererem arrancar os cabelos e outro que os guia suavemente pela informação.
Mas porque é que tantas empresas, especialmente as pequenas e médias empresas (PMEs), ainda tropeçam neste aspeto crucial do design web? Será por falta de conhecimento, por pressa em lançar o site, ou talvez por subestimarem o impacto que uma boa estrutura pode ter no sucesso do seu negócio online? Vamos explorar como podemos transformar o seu site numa maquina de clareza e conversão.
O comércio eletrónico cresce a passos largos e a presença online tornou-se vital para as empresas, a arquitetura de informação ganhou uma importância sem precedentes, li algures e salvo erro, pois estou a citar de memória, segundo dados recentes da ACEPI (Associação da Economia Digital), o comércio eletrónico em Portugal cresceu perto de 17% em 2023, ultrapassando os 10 mil milhões de euros em volume de negócios, este crescimento exponencial traz consigo um desafio, como podemos destacar-nos num mar de websites e capturar a atenção dos utilizadores?
A resposta está, em grande parte, na forma como organizamos e apresentamos a informação, um estudo da Nielsen Norman Group revelou que os utilizadores abandonam um website em menos de 20 segundos se não encontrarem rapidamente o que procuram, isto significa que temos menos de meio minuto para convencer um visitante a ficar e explorar o que temos para oferecer.
Para as pequenas e médias empresas (PMEs) portuguesas, que muitas vezes lutam com recursos limitados, uma arquitetura de informação bem pensada pode ser a chave para competir com grandes empresas na Internet. Não se trata apenas de ter um site bonito, mas de criar uma experiência que guie o utilizador de forma intuitiva, reduzindo a frustração e aumentando as hipóteses de conversão.
Mas o que é exatamente a arquitetura de informação e como podemos aplicá-la de forma eficaz? É, mais ou menos, como organizar uma biblioteca, onde cada livro precisa de estar no lugar certo para ser encontrado.
Vamos mergulhar neste fascinante mundo da organização digital e descobrir como podemos transformar o seu site num espaço acolhedor e eficiente para os seus visitantes.
Enquadramento da Arquitetura de Informação
Vamos imaginar que o seu website é uma loja física! A arquitetura de informação é o equivalente ao layout da loja, à disposição dos produtos nas prateleiras e à sinalização que ajuda os clientes a encontrar o que procuram. Essencialmente, é a arte e a ciência de organizar e etiquetar os websites, as intranets, as comunidades online e software para apoiar a usabilidade e a facilidade de encontrar e interagir com a informação.
As principais responsabilidades de um arquiteto de informação incluem:
- Clarificar a missão e a visão do site, equilibrar as necessidades do utilizador com os objetivos da organização.
- Determinar que conteúdo e funcionalidades o site deve ter.
- Especificar como os utilizadores vão encontrar informações no site através da organização, navegação, etiquetagem e sistemas de pesquisa.
- Planear e mapear como o website vai adaptar-se às mudanças e ao crescimento ao longo do tempo.
Para as PMEs portuguesas, investir em arquitetura de informação pode parecer um luxo, mas é, na verdade, uma necessidade, um rápida pesquisa no Google vai provavelmente encontrar um estudo que vai demonstrar que um design de website bem pensado pode aumentar as taxas de conversão. Isso significa que, com a mesma quantidade de tráfego, você pode potencialmente duplicar as suas vendas ou contactos apenas organizando melhor a sua informação.
A Importância de Estruturar o Conteúdo
Uma boa estrutura de conteúdo oferece vários benefícios:
- Melhora a experiência do utilizador, quando a informação está bem organizada, os visitantes encontram facilmente o que procuram, reduzindo a frustração e aumentando a satisfação.
- Aumenta o tempo de permanência no site, utilizadores que encontram facilmente informações relevantes tendem a ficar mais tempo no site, explorando outras páginas.
- Melhora as taxas de conversão, um site bem estruturado guia os visitantes naturalmente para as ações desejadas, sejam compras, subscrições ou pedidos de informação.
- Favorece o SEO, os motores de busca adoram sites bem estruturados. Uma boa arquitetura de informação pode melhorar significativamente o seu ranking nas pesquisas.
- Facilita a manutenção, para si, como proprietário do site, uma estrutura clara torna muito mais fácil atualizar e expandir o conteúdo ao longo do tempo.
Mas como é que se estrutura eficazmente o conteúdo? Comece por pensar nos seus utilizadores. Que tipo de informação eles procuram? Como chegam a ela? Que perguntas fazem com mais frequência? Use essas informações para criar uma estrutura que atenda às necessidades deles.
Lembre-se, não se trata apenas de organizar informações, mas de contar uma história. Cada página do seu site deve fluir naturalmente para a próxima, guiando o utilizador numa jornada através do seu conteúdo.
E não se esqueça, às vezes, menos é mais. Não tente enfiar toda a informação possível na página inicial. Em vez disso, crie uma hierarquia clara que permita aos utilizadores aprofundarem-se nos tópicos que lhes interessam.
Tipos de Estruturas de Informação
Quando falamos de estruturas de informação, é como se estivéssemos a falar de diferentes estilos arquitetónicos para construir a sua casa online, cada estilo tem as suas vantagens e desvantagens, e a escolha depende muito do tipo de conteúdo que você tem e das necessidades dos seus utilizadores.
Vamos explorar os tipos mais comuns:
Estrutura Hierárquica
Esta é a estrutura mais comum, como uma árvore genealógica, começa com uma página principal e ramifica-se em subcategorias, é ideal para sites com conteúdo claramente categorizado.
Exemplo: Vamos imaginar uma loja online de vinhos, a página principal ramifica-se em “Tintos”, “Brancos”, “Rosés”, e cada uma dessas tem subcategorias por região ou casta, fácil não?
Estrutura Linear
É como ler um livro, onde uma página leva à seguinte numa sequência lógica, é excelente para tutoriais ou processos passo a passo.
Exemplo: Um guia “Como criar o seu primeiro site” onde cada página aborda uma etapa do processo.
Estrutura em Rede
Aqui, as páginas estão interligadas de várias formas, permitindo aos utilizadores “saltar” de um tópico para outro relacionado, é ideal para conteúdos complexos onde os temas se interligam.
Por exemplo: Um site sobre história de Portugal, onde eventos, personagens e locais estão todos interligados.
Estrutura de Base de Dados
Esta estrutura organiza o conteúdo em campos categorizados, permitindo pesquisas e filtros avançados.
Exemplo: Um site de receitas onde pode pesquisar por ingredientes, tempo de preparação, tipo de cozinha, etc.
Estrutura Mista
Como o nome sugere, combina elementos de várias estruturas, é frequentemente usada em sites mais complexos para atender a diferentes necessidades.
Exemplo: Um portal de notícias que usa uma estrutura hierárquica para categorias principais, mas uma estrutura em rede para artigos relacionados.
A escolha da estrutura certa é crucial. Lembre-se, não há uma solução única para todos, a melhor estrutura é aquela que torna a navegação no seu site tão intuitiva que os utilizadores nem pensam muito nisso, tal como andar numa casa bem projetada onde você sabe instintivamente onde encontrar cada coisa.
Princípios de Organização da Informação
Organizar informação é um pouco como arrumar um armário, há várias maneiras de o fazer, mas algumas podem ser mais eficazes que outras, vamos explorar alguns princípios fundamentais que podem ajudá-lo a transformar o seu site num espaço bem organizado e fácil de navegar.
Princípio da Importância
Coloque as informações mais importantes em destaque! É como pôr os seus melhores vinhos na prateleira do meio do armário, fáceis de ver e de alcançar.
Exemplo: Numa loja online, destaque os produtos mais populares ou as promoções na página inicial.
Princípio do Agrupamento
Agrupe informações relacionadas. Imagine organizar as suas camisas por cor ou estação, torna tudo mais fácil de encontrar.
Por exemplo: Num site de uma empresa de software, agrupe todas as informações sobre cada produto (características, preços, suporte) numa secção dedicada.
Princípio da Hierarquia
Organize a informação do geral para o específico. É como começar com “Roupas” e depois subdividir em “Camisas”, “Calças”, etc.
Exemplo: Num site de turismo, comece com categorias amplas como “Alojamento”, “Restaurantes”, “Atrações”, e depois subdivida cada uma.
Princípio da Consistência
Mantenha um padrão consistente de organização em todo o site. Se decidiu organizar as camisas por cor, não mude para tamanho a meio do armário.
Exemplo: Se usa ícones para representar categorias numa página, use o mesmo estilo de ícones em todo o site.
Princípio da Navegabilidade
Certifique-se de que os utilizadores sabem onde estão e como voltar. É como ter um mapa e uma bússola no seu armário.
Exemplo: Use breadcrumbs (trilhas de navegação) para mostrar o caminho de volta à página inicial.
Princípio da Flexibilidade
Crie uma estrutura que possa crescer e mudar com o tempo. É como deixar espaço extra no seu armário para novas aquisições.
Por exemplo: Se planeia adicionar novos produtos ou serviços no futuro, crie categorias que possam acomodar esse crescimento.
Princípio da Clareza
Use uma linguagem clara e direta nas categorias e etiquetas, não é altura para ser poético, “Camisas” é melhor que “Vestimentas Superiores”.
Exemplo: Num site de tecnologia, use “Smartphones” em vez de “Dispositivos de Comunicação Móvel Avançada”.
Aplicar estes princípios é como ser uma “Marie Kondo” digital, você está a criar um espaço onde cada bit de informação tem o seu lugar lógico e traz alegria, pelo menos, não traz frustração aos seus utilizadores.
Lembre-se, o objetivo final é criar uma experiência onde os utilizadores encontrem o que procuram sem pensar muito, é como entrar numa loja bem organizada onde você intuitivamente sabe onde pode encontrar cada coisa que procura.
O artigo já vai longo mas ainda falta mais um pouco, faça uma pausa, respire fundo, vamos continuar? Excelente, vamos agora abordar os diagramas da arquitetura.
Diagramas da Arquitetura
Imagine que está a planear construir uma casa, não começamos a colocar tijolos sem ter um plano, uma planta, não é verdade? Os diagramas da arquitetura de informação são exatamente isso, o plano, “as plantas” do seu site, os diagramas da informação ajudam a visualizar como a informação será estruturada e como os utilizadores irão navegar pelo conteúdo.
Vamos explorar alguns dos diagramas mais comuns e úteis:
Mapa do Site
É tal como o nome indica, o mapa não de uma cidade mas do site, mostra todas as páginas e como elas se relacionam.
Exemplo: Um diagrama em árvore que mostra a página inicial no topo, ramificando-se para as principais secções e subsecções.
Utilidade: Ajuda a ter uma visão geral da estrutura do site e a identificar possíveis redundâncias ou lacunas.
Wireframes
São como os esboços de um arquiteto, mostrando o layout básico de cada página sem detalhes de design.
Exemplo: Um esquema simples mostrando onde ficará o menu, o conteúdo principal, a barra lateral, etc.
Utilidade: Permite focar na estrutura e funcionalidade sem se distrair com detalhes visuais.
Fluxogramas de Tarefas
Mostram o caminho que os utilizadores seguirão para completar tarefas específicas.
Exemplo: Um diagrama mostrando os passos desde “Adicionar ao Carrinho” até “Confirmar Compra” numa loja online.
Utilidade: Ajuda a otimizar processos importantes e identificar potenciais pontos de fricção.
Diagramas de Conteúdo
Detalham os tipos de conteúdo e como eles se relacionam entre si.
Exemplo: Um diagrama mostrando como “Artigos”, “Autores” e “Categorias” se interligam num blog.
Utilidade: Útil para planear sistemas de gestão de conteúdo e bases de dados.
Modelos Mentais
Representam como os utilizadores pensam que a informação deveria ser organizada.
Exemplo: Um diagrama baseado em entrevistas com utilizadores, mostrando como eles agrupariam naturalmente o seu conteúdo.
Utilidade: Ajuda a criar uma estrutura que corresponda às expectativas dos utilizadores.
Criar estes diagramas é como fazer um ensaio geral antes da grande estreia, permitem que você experimente diferentes estruturas e fluxos sem o custo de realmente construir o site. E não se esqueça, estes diagramas não são documentos estáticos, à medida que o seu site evolui, os seus diagramas também devem evoluir.
Usar diagramas da arquitetura é como ter um GPS para o desenvolvimento do seu site, eles não só mostram onde você quer chegar, mas também ajudam a identificar os melhores caminhos para lá chegar.
A arquitetura de informação é mais do que apenas organizar conteúdo, é uma arte, a arte de criar experiências digitais significativas, para as PMEs portuguesas, investir tempo e recursos nesta área pode ser a diferença entre um site que apenas existe e um que verdadeiramente se destaca e converte visitantes em clientes.
Não se esqueça, o seu website é muitas vezes o primeiro ponto de contacto entre a sua empresa e potenciais clientes. Uma arquitetura de informação bem pensada é equivalente a ter um vendedor extremamente competente, disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana, a guiar os visitantes exatamente para onde precisam de ir.
Agora, aproveite uma folha de papel e tente desenhar o mapa do seu site atual, consegue fazê-lo facilmente? Os caminhos são claros e lógicos? Se não, talvez esteja na hora de repensar a sua arquitetura de informação, lembre-se, cada clique que um utilizador faz deve ter um propósito e levá-lo mais perto do que procura.
Desafie-se a ver o seu site pelos olhos de um novo visitante, ainda melhor peça a alguém que nunca o viu para tentar encontrar informações específicas, observe onde eles hesitam ou se confundem, estas são as áreas onde a sua arquitetura de informação precisa de atenção.
Para aprofundar os seus conhecimentos sobre arquitetura de informação, recomendo o livro “Information Architecture for the World Wide Web” de Peter Morville e Louis Rosenfeld, é considerado a “bíblia” da arquitetura de informação e oferece lições valiosos tanto para iniciantes quanto para profissionais experientes.
Obrigado pela leitura. Espero que este artigo tenha iluminado o caminho para tornar o seu site não apenas mais organizado, mas verdadeiramente centrado no utilizador, lembre-se, cada pequena melhoria na forma como organiza e apresenta a sua informação online pode ter um grande impacto no sucesso do seu negócio, continue a experimentar, a aprender e a adaptar-se às necessidades dos seus utilizadores.
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