Cuba enfrenta o quarto colapso da rede elétrica em 48 horas, agravando a crise energética e gerando protestos isolados na ilha. O governo luta para restaurar a energia entre desafios climáticos e a escassez de recursos.
A rede elétrica de Cuba entrou em colapso novamente no domingo, marcando a quarta falha em apenas dois dias, a situação começou na sexta-feira, quando a maior central elétrica da ilha parou de funcionar, deixando 10 milhões de pessoas sem energia, estes eventos sublinham o estado precário da infraestrutura do país, que já sofre com graves carências de alimentos, combustível e medicamentos.
O apagão prolongado provocou pequenos protestos em várias partes da ilha, em Havana, capital com dois milhões de habitantes, a maioria das ruas estava silenciosa e escura, com apenas alguns negócios e residências utilizando geradores a combustível.
Testemunhas relataram “cacerolazos” – protestos com panelas – em bairros periféricos da capital. No bairro de San Miguel de Padron, manifestantes bloquearam estradas com lixo antes de serem dispersados pelas forças de segurança.
O presidente cubano Miguel Díaz-Canel apareceu na televisão nacional vestindo uniforme militar, encorajando os cidadãos a expressarem as suas queixas de forma disciplinada e civilizada, “Não vamos aceitar nem permitir que ninguém aja com vandalismo e muito menos altere a tranquilidade do nosso povo”, afirmou. Já o ministro da Energia e Minas, Vicente de la O Levy, reconheceu o incómodo causado pelos apagões, mas afirmou que a maioria dos cubanos compreende e apoia os esforços do governo para restaurar a energia, “É da cultura cubana cooperar”, disse Levy.
A repetição dos colapsos na rede elétrica representa um grande revés nos esforços do governo para restaurar rapidamente a energia, as autoridades inicialmente previam o restabelecimento da eletricidade para segunda ou terça-feira, mas o último colapso pode atrasar significativamente esse prazo. Os esforços de recuperação são ainda dificultados pela Tempestade Tropical Oscar, que atingiu o leste da ilha no domingo, em resposta à crise energética e à tempestade, o governo cancelou as aulas até quarta-feira – uma medida quase sem precedentes em Cuba. A situação é agravada pela dependência de Cuba de importações para abastecer as suas centrais elétricas obsoletas, as entregas de combustível à ilha diminuíram significativamente este ano, com Venezuela, Rússia e México a reduz as suas exportações para Cuba. O governo cubano culpa o embargo comercial dos EUA e as sanções impostas pelo ex-presidente Donald Trump pelas dificuldades em adquirir combustível e peças sobressalentes, os EUA, por sua vez, negam qualquer responsabilidade nas falhas da rede.
À medida que a crise se prolonga, cresce a incerteza sobre a capacidade do governo cubano em encontrar uma solução rápida para os problemas energéticos do país, deixando a população exausta e frustrada com os contínuos cortes de energia.