Há empregos para a vida?
Nem por isso. Estudos recentes indicam que os empregos para a vida pertencem ao passado e que na conjuntura atual a tendência vai para percursos profissionais desenvolvidos em diversas empresas e em diferentes funções ao longo da vida.
Ainda existem empregos para a vida, mais “seguros” e relacionados na sua maioria com carreiras no Estado, mas a realidade é esta: carreiras atípicas que fazem dos trabalhadores, saltimbancos de emprego em emprego, entrevista em entrevista, ordenado em ordenado, função em função… na ótica da mobilidade crescente e formação profissional constante. Mas que fazem deles, mais tarde ou mais cedo, profissionais habilitados, competentes realizados, produtivos.
Evolução do mercado nacional: dos empregos para a vida às carreiras improváveis
Se há uns anos atrás, quando havia menos empregos e profissões, o crescimento de uma carreira profissional estava limitado a um setor e acontecia numa espécie de linha reta em que o objetivo era chegar a cargos de topo relacionados com a área de atuação, hoje o crescimento de uma carreira profissional não segue a direito, mas um caminho cheio de altos e baixos, cruzamentos e nivelações! De facto, o crescimento não acontece num só setor nem numa só área de atuação, os profissionais tanto enveredam por uma atividade mais técnica, como por outra mais artística ou ligada à gestão, por exemplo. Como chegámos aqui? Bom, foram os avanços tecnológicos os principais responsáveis por este novo conceito de carreira que não coloca barreiras a nenhuma aspiração profissional, nem impõe caminhos em linha reta. Tanto que muitas pessoas, hoje em dia, trabalham em áreas que não têm nada a ver com a sua formação académica, o que seria altamente improvável há uns tempos atrás.
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Era digital: o que mudou nas empresas? O que mudou nos profissionais?
Os avanços tecnológicos levaram as empresas a pensar em novos modelos de organização que tivessem em linha de conta mudanças sociais e profissionais. O facto das pessoas, agora, aprenderem ao longo da vida – e aprenderem coisas diferentes – levou as empresas a desenvolverem estruturas internas que pudessem contribuir para uma melhoria das competências dos seus colaboradores, de forma a que estes crescessem com elas, e levou os colaboradores a sentirem o desejo e a necessidade de evoluir continuamente. Antes, estudavam e depois trabalhavam até à idade da reforma. Agora, o que aprendem em jovens já não é válido até à idade da reforma e por isso têm – sob pena de ficarem para trás nos seus empregos – de investir na sua formação profissional, sempre! E isso porque, lá vamos nós, os avanços tecnológicos assim o exigem: as pessoas têm de atualizar os seus conhecimentos de x em x tempo, tal como tem de fazer backups aos seus documentos ou trocar de computador e smartphone de quando em vez. E não chega atualizar conhecimentos! Na maioria dos casos, os profissionais também têm de mudar de emprego para deixarem as suas carreiras crescer.
Acabaram os empregos para a vida: isso é bom ou mau?
Por um lado, é bom, pois qualquer mudança é sempre uma hipótese para crescer, para alcançar mais e melhor e, bem vistas as coisas, as pessoas gostam de mudanças e encaram-nas como parte integrante do seu crescimento profissional. E por isso o facto dos empregos para a vida terem acabado é positivo, mais ainda se à mudança para melhor, acrescentarmos a liberdade dentro das próprias empresas para integrar equipas distintas e projetos diferentes da formação base. A dinâmica, inovação e desafio são características destes empregos que não são para a vida, mas que podem ser desenvolvidos em empresas para a vida. Desde que estas aceitem o intercâmbio de qualificações e se empenhem em manter os seus colaboradores motivados.
Mas o facto de os empregos para a vida terem acabado também é mau. E isso porque a flexibilidade abriu portas à instabilidade, aos contratos a termo, aos contratos efetivos rígidos que dificultam a mobilidade profissional, aos trabalhadores a recibos verdes, a uma elevada taxa de desemprego, à falta de direitos sociais… E a juntar ao grupo de argumentos favoráveis ao emprego para a vida, está a mentalidade dos jovens que nem sempre se alinha com as novas dinâmicas de empregabilidade. Eles continuam a idealizar a sua futura carreira profissional como um processo desenvolvido na tal linha reta, dentro de uma empresa. Além disso, os jovens têm – como se costuma dizer – qualificações a mais, e isso pode ser um problema num mercado de trabalho saturado, mas ainda assim é preferível ter qualificações a mais do que a menos. O conhecimento, como se costuma dizer, rende os melhores juros!
Portanto, enquanto a mudança de mentalidades não for geral, enquanto a cultura de risco essencial para uma atividade produtiva, não for semeada, os empregos para a vida continuarão a ser vistos como algo de bom, que está a ser sugado pela economia, evolução social e tecnológica.
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Conceito de carreira profissional: formas atípicas de emprego
Há muito que o conceito de carreira profissional foi repensado. Porém, alguns profissionais ainda acreditam que se podem manter empregos para a vida numa época de globalização onde o aumento da concorrência e competição é uma constante. Primeiro, foi a inovação tecnológica a descartar uma série de profissões que, entretanto, passaram a obsoletas e já nem existem. Depois, foi o mercado de trabalho a fomentar uma série de formas atípicas de emprego devido, por um lado, ao aumento dos níveis de habilitação académica e profissional dos trabalhadores e por outro lado, à alteração das expetativas profissionais. No fundo, todos os trabalhadores querem uma melhor qualidade de vida e se as carreiras atípicas forem o caminho, não há problema, desde que esse caminho se faça no sentido do sucesso, e mesmo que a mobilidade e diversidade profissional – fora ou dentro da mesma emprega – não siga em sentido único nem assente num só setor, num só tipo de contrato, num só grupo de trabalho, numa só competência.
Efetivamente, os modelos de trabalho estão a afastar-se cada vez mais dos tais empregos para a vida. E contra factos, não há argumentos.
Realização profissional: é possível ou está difícil?
É possível, sim! E é bem mais provável que um trabalhador dos tempos modernos se realize profissionalmente do que um trabalhador dos tempos do emprego para a vida. E isso porque a plena realização profissional só é possível de alcançar através da mobilidade e não da estabilidade. Se não acredita, repare que com um emprego para a vida, um profissional, por mais competente que fosse, acomodava-se às suas funções e se progredisse, era somente dentro da emprega até um cargo de topo, não é verdade? Mas o novo paradigma de mercado alterou isso: com a mobilidade e formação continua, aumenta o bom desempenho profissional do trabalhador e em consequência a sua satisfação pessoal. E ao tomar consciência da importância da mobilidade, o trabalhador consegue arriscar e, como todos sabemos, o risco está na génese do empreendorismo! E sem empreendedores, Portugal não vê nascer novas empresas, novos negócios, novas riquezas, novos empregos.
Várias funções, vários patrões, várias colocações profissionais, diferentes salários, imensas entrevistas… não são necessariamente sinais de pura instabilidade, são essencialmente sinais de que as novas reformas sociais, políticas e económicas exigem aos profissionais uma predisposição para estarem constantemente no mercado de trabalho à procura de novas oportunidades para evoluir, empreender e alcançar o sucesso!
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