Todos os dias cumprimentamos alguém. Seja o filho, a mãe, a senhora da limpeza, o segurança, o vizinho, o colega de trabalho, o chefe, todos eles merecem um cumprimento através de um comum aperto de mão ou de um beijo ritual. E o abraço? Porque não nos abraçamos quando cumprimentamos alguém, se a sensação de o fazer é tão extraordinária?
A emoção que sentimos quando abraçamos alguém é de uma qualidade incomensurável. Através deste simples gesto conseguimos sentir a proximidade do outro e identificá-lo como um semelhante. No fundo um abraço é reconhecer sem falar, que somos todos iguais e que mesmo não nos conhecendo, estamos juntos no caminho em direção à fraternidade e à comunicação generosa, características fundamentais num mundo em constante mudança.
Provavelmente já deu conta que tipicamente as crianças quando se magoam procuram de imediato o abraço reconfortante da mãe ou do pai, que, de forma instantânea melhora a situação, ou resolve-a por completo. Outra situação espontânea que faz surgir o abraço é a situação de um trauma emocional de um ente querido ou de algum conhecido. Ao oferecer um abraço, um colo amigo, já estamos a tornar a situação mais fácil e menos complexa. Assim sendo, é fácil compreender que o abraço nos está no ADN como forma instintiva de nos ajudar a lidar com a dor. É uma reação instantânea, quase como uma receita pronta a cozinhar, de um bem-estar imediato que nos alivia nos momentos menos bons.
Entrando no domínio psicológico é interessante saber que está provado que mesmo quando não há ninguém por perto para nos abraçar ou para abraçarmos, podemos obter algum conforto abraçando uma almofada, um animal de estimação, um peluche ou mesmo uma árvore. Por outro lado, e de forma mais quantitativa a psicoterapeuta Virginia Satir, defendeu que “Precisamos de quatro abraços por dia para sobreviver. Precisamos de oito abraços por dia para nos manter. Precisamos de doze abraços por dia para crescer.”
Para além disso, e ainda ao nível científico, investigadores da Universidade da Carolina do Norte descobriram que mesmo sendo breve (bastam apenas 20 segundos) um abraço dado pelo parceiro/amigo/ente-querido, pode ajudar não só a reduzir os níveis de cortisol que contribuem para o stress, mas também a reduzir a pressão arterial.
Se ainda não ficou convencido dê uma olhadela ao top 5 dos motivos para dar/receber um abraço em qualquer altura do dia:
1. Abraçar liberta oxitocina no sangue. Esta hormona é responsável pelo fortalecimento de laços entre os entes queridos e também a pelo aumento da resposta de solidariedade entre estranhos, levando a um aumento do bem-estar. Ou seja, um abraço é um vício sem efeitos secundários negativos!
2. Abraçar reduz o stress e a pressão arterial. Não há nada melhor do que um abraço para reduzir a ansiedade, e por consequência ao fluidizar o sangue estará também a reduzir a pressão arterial.
3. Abraçar é uma boa ação recíproca. Nunca sabemos quais as emoções pelas quais as outras pessoas estão a passar, porque tipicamente na sociedade atual fomos formatados para não demonstrarmos as nossas verdadeiras emoções, sob pena de nos mostrarmos vulneráveis. Um abraço pode mudar a vida a qualquer pessoa ao quebrar o esquema mental de um dia menos bom, devolvendo-lhe uma sensação de felicidade.
4. Abraçar faz-nos sentir plenitude e êxtase. Como os nossos corpos estão cheios de terminações nervosas ao tocarmos noutro corpo estamos a permitir a satisfação de um desejo subconsciente que é o do toque.
5. Abraçar permite-nos realinhar a mente com o corpo. Na correria do dia-a-dia fazemos tudo de forma pouco consciente porque não temos tempo para nada. Um abraço quebra este registo. Dá-nos a sensação de um novo fôlego, de um momento prolongado, de um dia infinito e de uma satisfação plena gerada pelo realinhar do corpo com a mente.
Foram apenas 5 os motivos para que se sinta a fim de dar e receber abraços no seu dia-a-dia. A parte mais difícil foi demonstrar-lhe os benefícios comprovados deste “tratamento”. Agora é a sua vez de o pôr em prática! Procure arranjar 5 maneiras de todos os dias, durante os 5 dias da semana conseguir comprovar a eficácia destes 5 motivos.
Somos seres sociais que precisam do reconhecimento, ainda que silencioso, de outro ser humano, para que a nossa própria vida faça sentido, porque é exatamente nesse estado em que as conexões são promovidas, e através do tempo que dão para apreciar e reconhecer o outro, estão elas próprias a assumir a sua universalidade e a perpetuarem o seu bem-estar.
O mundo atual é um lugar ocupado pela azáfama e pelo movimento, onde corremos incansavelmente na direção do cumprimento de determinada tarefa. O segredo da execução de um simples abraço consiste no facto de ele nos permitir abrandar e tirar um momento para oferecer sinceridade, amor e doçura ao longo do dia, levando-nos automaticamente ao realinhamento da nossa alma com o nosso corpo.